sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Homens Bissexuais


Li a coluna da Regina Navarro do portal Terra sobre homens bissexuais. Rou resumir grotescamente enquanto vou apresentando meus pitacos e pitecos. Os homens bissexuais podem ser divididos entre aqueles que acham que têm mais vantagem porque o leque de opções é o dobro dos “monossexuais”, e aqueles que acham que isso é conflituoso e desejam posicionar-se em uma das modalidades previstas pelo código social – nem vamos discutir alguns preceitos que herdamos nesse código, né? Pos bem, a característica que agrupa todos sob um único domínio é o medo de serem descobertos em seu desejo. Isso mostra que o olhar do outro, o julgamento do outro, e sua aprovação, são mais importantes do que a felicidade da própria pessoa. O medo de ser associado ao homossexualismo (porque, nesse caso, é patologia social mesmo – não os gays, ou bissexuais, mas os tratamentos que eles recebem perante esse código social.) é constante. Dessa maneira, sem que eles mesmos queiram, acabam contribuindo para a confirmação de determinados juízos de valores incabíveis e que são muito difíceis de romper por já estarem incrustados na nossa identidade. Por isso, o grito de liberdade é um grande ato, porque você rompe com esse agregado que nunca disse respeito a um ser humano. Isso é adestramento, não ‘livre arbítrio’. Mas enfim. Eles têm medo de serem descobertos por causa dos juízos dos outros (e da maneira como isso vai afetar sua relação diária), e acabam convalidando a regra absurda como válida.

Pensemos nos que pensam ter mais chance. Matematicamente, as contas apontam isso mesmo. Quem é mais aberto a experiência terá de fato mais experiências. Pensem na velocidade da internet. Quanto maior o canal, mais informações você absorve. (Você que não saiu do armário, pense nisso ;)! ) Vejamos o depoimento do entrevistado: “Lido com esse desejo da mesma forma que lido com o desejo por outra mulher. Há várias amigas de minha esposa que adoraria levar para cama. Ser bissexual não é um bicho de sete cabeças.” É muito saudável para ele que tudo tenha certo esclarecimento e que ele consiga aproveitar da melhor maneira para todos dessa bissexualidade. Mas é interessante observar também que o rompimento não existe com o código social. Isso ainda é apenas uma pequena mudança, pois ele ainda está tomado do código machista. Por exemplo: o homem heterossexual aflora denunciando um estereótipo machista, que quer levar as amigas da mulher para a cama. Minha intenção não é emitir juízos de valor tampouco, apenas gostaria de ressaltar seu argumento de afirmação da conduta heterossexual.

Ainda, no início da fala do entrevistado, ele se coloca em vantagem claramente em relação aos heterossexuais, sem fazer menção alguma aos homossexuais [homoeróticos, né? Eu prefiro gay. Acho mais simples.]! É interessante observar que a disputa, a correspondência, o foco de ação é o mundo heterossexual pautado no machismo social. O lado gay é escondido ainda, refletindo o medo que todo gay sente ou sentiu muitas vezes perante a sociedade. É melhor que o melhor que o homem gosta de ser, segundo sua mania de grandeza nata. E quem ele coloca no topo que precisa ser superado? O heterossexual.
É muito mais difícil do que pensamos quebrar de fato um domínio social sobre si. Há sempre que lidar com consequências, mas quando não é assim? Fica a dica para quem está pensando nesse conflito. O conflito está na norma social com a espécie humana. São simplesmente incompatíveis, como roupas velhas e pequenas que insistimos vestir.

Leia a coluna de Regina Navarro clicando aqui!

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