domingo, 8 de abril de 2012

O que sobrou da Páscoa


Com uma família grande, e intensamente vivida, não poderíamos ter poucas memórias da páscoa. Quando cada um fala um pouco, é como se olhássemos um mosaico, ou um mesmo objeto por diferentes ângulos. O que temos em comum que hoje nos delimita como família? Em que lembranças nos encontramos e como nos configuramos nela? Algumas palavras para esboçar essa figura que só se completa na cabeça de cada um, é tudo o que eu tenho comigo. Palavras minhas e de alguns primos, palavras-rocha, dessas escritas que duram para sempre.

A casa da minha avó tinha um quintal enorme. Cabia primos, tios, amigos, ovos de páscoa escondidos, coelhinho da Páscoa, cabia o Ringo-cachorrão que quase arrastava minha vó-toquinho-de-gente, cabia carinho, risada, lágrimas e um barracão cheio de coisas que não podia mexer, mas que mexiam com o imaginário da gente. Cabia a mim e toda a imensidão do meu ego de sete anos. Desculpa aí o momento nostálgico, mas Páscoa é isso. Não se preocupe se você cumpriu um ritual, se fez jejum, comeu carne ou peixe. Muito menos se você tem ou não dinheiro pra comprar ovos de chocolate do Justin Bieber, dos Piratas ou do Cacau Show. Celebre os bons momentos entre pessoas amorosas. Deus vai estar presente. FELIZES PÁSCOAS!

A casa da minha vó tinha carne de panela. E tinha muitos primos, MUITOS, e fazíamos brincadeiras o tempo todo. Tinha roda de viola e cantoria as vezes, e nós crianças sentávamos em volta e ficávamos ouvindo e aprendendo músicas que marcaram toda a nossa vida. Tinha um papagaio na casa da vizinha com quem falávamos da janela do quarto, e tinha jogos de queimada e esconde-esconde. Tinha um vó extremamente gozador que nos deixava de cabelo em pé com suas estórias, tinha tias que nos pregavam peças e nos enchiam de carinho e alegria. Tinha sempre muitos presentes, na maioria livros e cadernos e lápis de cor e "silvapen".e depois elas escondiam tudo e nos faziam procurar, dizendo que o coelhinho da pàscoa (ou Papai Noel), ou qualquer outro pessonagem tdeviam ter pego e escondido..... FELIZES PÁSCOAS!!!!! FELIZES LEMBRANÇAS!! FELIZES SAUDADES!!

Na casa da minha avó tinha um pé de limão cravo onde a gente subia com um punhado de sal e passava parte da tarde se sentindo como se estivesse no céu. Tinha o Ringo o Juninho ( Edelcio Junior), a Telminha ( Telma Rocha ), a Tânia (Tânia Morais), o Mau mais bonzinho q já conheci (Mauricio Claudia Ceni Rocha Morais), tinha o Zéca ( Zeca Rocha), o Toninho, a Vera ( Vera Rocha), o kako ( Kako Rocha), o Alegria, o Cleyton, o Dú ( Jim Duran), o Gui ( Guilherme Duran), a Tati, o Gabiroba ( Gabi Rocha Fonseca), a "Ru" ( Juane Rocha Fonseca) e tinha a Lia ( Eliane Davis).... Ah! Tinha queimada, risada, briga, o fazer as pazes.... como eu era terrível! Tinha churrasco, tinha festa, tinha velório, tinha sol, tinha cheiro de chuva, piscina na casa da Tia Elena, as histórias do tio Juan, as risadas da Tia Carminha, o vozeirão do Tio João Antônio, o Tio Zé, a Tia Cida, a Tia Ada, a Tia Izabel, o Tiago, o Marquinho, o Gilson, a Izabelzinha ......... ah! Tinha vida, tinha família grande! E como era bom a gente já saber onde estaríamos no fim de ano, na páscoa, nas férias.... Estaríamos com nossos tios, primos, irmãos e pais. Nunca esquecerei da gente junto - era tanta gente que nem cabia na foto! Feliz Páscoa a todos vocês, estejam onde estiver, meus parentes queridos!


Na casa da nossa avó Carminha tinham pés de goiaba no quintal, onde a gente subia e ficava fazendo graça lá de cima... e o quintal era tão grande que cabia outra casa nele... tia Isabel dava mordidas, tia Lau, Laurita Pedra Rocha falava com seu sotaque de paulistana, contando histórias da cidade grande. Tio Souza contava histórias da Portuguesa e chamava: Marcéelo!! rs. Tinha a Maíra Rocha com sua eterna meiguice... Tinha jogo de buraco, baralho, que varava a madrugada reunindo Rochas e agregados. O tio Juan escondendo cartas na ponta dos dedos e passando pra tia Elena, Maria Elena. Tinha o Cleber Rocha bebê fazendo massagem e adorando nossos pés... Tinham comidas maravilhosas que as tias fazem muito bem (tia Isabel, tia Tera (Terezinha Rocha, minha mãe), tia Carminha saudosa). Tia Elena e tia Ada De Jesus Rocha distraindo a gente com histórias que incentivavam nossa inteligência com a língua do P. Eu, Laine Sudsc e Eliane Davis inseparáveis, até banho juntas a gente tomava para não perder tempo... a Viviane R. La Serra era pequena... Tinha tio Chico com seus irmãos sambistas fazendo roda de música. tinha Tio Cido e tio Juan que iam resolver todas as pendências e traziam a coisa pronta. E nos velórios eram os mais animados contando piadas. Tinha o meu saudoso pai, piadista e distribuindo carinho a todos... E sempre tio Zé, tia Cida e Toninho falando dos livros, ler era algo como trocar de roupa... A gente saía algumas vezes para tomar sorvete e brincar na praça. Tinham brigas e reuniões de família... Intensos estes Rocha... Um tempo de muita vida!! Zeca, Silvio, Belzinha, Gilson, Vera e meus irmãos eram moços já. Os meninos Tiago Rocha, Kako, Cleiton, Caio Rocha, Juninho, Tuca, Guita, Du, Fer, Rogério, Gabi, Juli, juntos correndo pelo quintal. Tias Inês e Ana agregando gente e me levando pra casa delas nas férias. Como é bom ter identidade familiar e lembrar que precisamos dar valor ao que tem valor!
Tinha um pinheiro lá na frente tbm.TINHA MUITO AMOR E UNIÃO NAQUELA CASA!!!
Lessa, lembro de vc lavando o açúcar na pia de noite.... rsss. saudade!
Lavando açucar?Lembro que eu comia sabonete Palmolive, a vó Carminha falava que eu estava com verme. kkkkkk
kkkkk... é, quando eu ia passar férias na casa de vcs, eu vi isso, sua mãe perguntou por que estava lavando o açucar e vc disse: ué, mãe, tem que lavar arroz, feijão, então tem que lavar tudo...

No pinheiro, a resina se enchia de abelha. O pé de coquinho já era velho naquela época. Eu tinha amigos que se chamavam Sandro e Evandro, vizinhos ali. Dois pés de goiaba, uma branca e outra vermelha. Caramba! Que delícia! Lavar açúcar é bom hein? kkkkk. E quem não se lembra das célebres palavras cruzadas da Vó Carminha? Óculos a meio nariz, cabeça grisalha... paciência de Jó. E eu ajudava horas, a única coisa que acalmava meu espírito de moleque. Uma estante antiiiiga... O telefone triiiiim. Eu faço parte da geração mais velha dos primos, mas não perdia a oportunidade de chutar uma bola com os menores, na casa da tia Elena. Peeu pesei petampebém pefapelar, PeTelpema. Parece que eu sabia que tinha que aproveitar até o último regalo. Saudades de todos vocês! Um beijo!
tinha o caminho do cemitério e as histórias de terror quando íamos da casa da vó para a sua... né Laine Sudsc?
    
Inventávamos estórias de medo e depois dávamos uma volta imensa para não passar pelo cemitério hahaha 
  Muitas dessas lembranças, eu não participei, parte porque nem existia ainda, parte porque o tempo que durou eu era pequeno para saber direito o que acontecia, mas a questão da identidade familiar é um traço dos Rocha que eu carrego na herança humana dessa família.
Tenho saudades também de quando a Páscoa tinha algo a ver com a família reunida. A utopia da família toda unida eu não esperava, porque nossa família é muito grande e muito espalhada para dar certo. Mas nada que juntando uns 20 primos não resolvesse o problema também. Lembro que no Natal todos vinham para a casa da tia Helena. Eu lembro que ela tinha uma cachorra bem grande para cuidar da casa. O nome dela eu gostava tanto, achava tão lindo!... Antígona. Depois cresci e fiz letras, conheci na literatura clássica a personagem Antígona, acho que do rei Lear. Bom, voltando aos nossos mitos, tinha uma renca, uma cambadona de diversas idades, todos juntos, misturados. Tinha sempre uma coisa gostosa, um quê meio mágico na casa da Tia Carminha. Para minha alegria, ela morava quase em frente de casa, e era para ela que eu e meu irmão queríamos mostrar o caderno tudo escrito bonitinho, passado a limpo, só para ela olhar e falar: muito bem!. O resto do ano o caderno era aquele furdúncio, mas na Páscoa eu sempre me sentia um aluno brilhante.
                Hoje para mim a páscoa tem outro sentido, aliás, o primeiro dela, que é o renascimento de nossas forças, de nossos planos, de nossas fés e desejos. Pena que, ao desvincular a páscoa do início da primavera, ela tenha perdido esse sentido aqui no nosso querido ‘abandonado’ hemisfério sul. Então, tudo foi sendo ressignificado e ciclizado. Sei que a ordem social é que agora eu construa uma família para mim e repita esses ritos. Mas, sinceramente, não me vejo assim. Então, as lembranças que eu tenho da Páscoa em família são as que vão para sempre me dizer o quão eu fui feliz, ainda que não soubesse. Eu sempre me sentia menos que todo mundo, sentia que me tratavam diferente, mas eu não ligava, porque família era assim mesmo. Fazia parte da rotina ter um patinho feio. Rsrsrs.. Ê páscoa boa, nostálgica. Adoro nostalgias e reviradas das páginas lidas dessa história... ^^