quinta-feira, 17 de maio de 2012

Violência homofobia e religião


Pois então, eis que os gays apanham na rua. E esses dias eu estava pensando sobre ética, sobre religião. Essa última está para o bem maior, que é a ideia que se molda ao conceito de deus. Para nós, wiccanos, esse bem maior explica a Deusa em sua eterna dança com o Deus. Para os cristãos, não existe a deusa. Nem dança nenhuma. Depois do novo testamento, esse deus foi concebido como um deus da bondade. Mas no antigo, ele representava melhor um plano arquetípico do humano. O que fica agora é o balde de contradições.

Pois então, eis que os gays apanham na rua.  Ética wiccana: não prejudicar o próximo. Se não prejudicar nada nem ninguém, o resto você pode tudo. Ética cristã: Amar a deus sobre todas as coisas. O cristianismo coloca o foco do amor em deus. Ele deve ser amado em primeira instância. De resto, o que o cidadão fizer aqui na Terra, ele pode ser perdoado no último instante. Existe uma abertura muito grande para a maldade. O deus cristão é muito vaidoso, e joga o primeiro mandamento para ele. Amar ao próximo como se fosse a ti mesmo não tem peso nenhum socialmente. Amar ao próximo é sempre só para os que têm divino dom do amor. Porque amar mesmo e cuidar, não vejo. E os gays apanhando na rua.

O cristianismo, por vezes, acaba por colocar uma situação muito delicada para a sociedade. Principalmente os evangélicos, muitos pastores vêm pregando infernos e maldições para os gays. Querendo ou não, fica registrado aqui também o repudio ao outro.  Na wicca, uma das coisas que aprendi é que as escolhas dos outros são feitas pelos outros, por quem teve o direito de fazê-las. Principalmente se isso não tem nada a ver com a pessoa. É o caso da frase “não precisa aceitar. Mas respeitar é obrigação”. O wiccano aprende a respeitar o outro em sua totalidade, e não tentar salvá-lo das chamas do inferno. Na lei wiccana, a Wiccan Rede, existem reinterpretações como a Lei Tríplice: "tudo o que você faz volta para você". E isso é durante a propria vida. Não será na incerteza do obscuro destino após a morte.

Quando um wiccano bate em outra pessoa, ele faz isso com consciência de que está ferindo o princípio ético da wicca. Quando um cristão bate, ele não respeita a segunda lei divina dele, mas também não se preocupa porque no final ele poderá se arrepender e se entender com deus apenas. Então, pode seguir seu curso ferino.

Quando eu repenso os valores que aprendi através da bruxaria, eu fico me perguntando se nós não deveríamos ter medo dos cristãos...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O que vai embora com os pêlos

Pêlos, cabelos, penugens e pelagens humanas. Quem não as tem? Pois é. Nem sempre como espera-se exatamente, mas esses fios capilares crescem moldando muito sentido nas nossas vidas de modo que nem nos damos conta. Não prestamos atenção claramente nisso, mas como o pelo humano te ressignifica, não é mesmo? O careca por exemplo, só é careca pela marcação da ausência de pêlos. Já o ursinho, por pêlos pelo corpo. É claro que nossa identidade é muito dita pelo que nossos amigos pelianos dizem sobre nós.

Quando temos pêlos demais aqui, de menos ali, mais do que gostaria lá e menos do que improvável acolá. Pêlos é que não faltam. E, se são tão marcantes assim, o que dizer desses que vemos ir embora pelos ralos, ou os que seguem deitados em nossos travesseiros enquanto já estamos no trabalho? Esses que abandonam o barco... O meio termo, não ser um nem outro totalmente, foi muito debatido nas diversas manifestações políticas, enconômicas, sociais, etc. A pessoa ou tinha cabelos ou não tinha. Não existe alguém que seja um processo. Existimos, para muita gente, somente enquanto ponto de largada e ponto de chegada.

Depois de todos esses rodeios, revelo ter cortado o cabelo. E que também fiz a barba. Para uns uma rejuvenecida. Para outros, descontraída. Os pêlos, pelos significados que produzem, contam se somos bravos, se somos velhos ou novos, cisudos, exóticos, enfim. Para mim o efeito foi de perder uns anos aí. Tudo por conta dos famigerados.

E para aqueles que não lêem caras, rostos e faces, #sólamento.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Vivemos morrendo


Existe um processo pelo qual todo ser vivo passa. Um processo linear e ininterrupto, como a relação de causa e efeito. Nascemos para um dia morrer. Essa é a fortuna de toda a vida. Envelheço pelos pés que agora preferem os sapatos, que não estrangulam mais os meus tornozelos, como os tênis joviais do século XXI, o seguinte. Vejo minha pele perder o viço, os sulcos nela ganhando contornos cada vez mais nítidos. Nunca antes irritada, hoje já me brotam coceiras pelo corpo, aparentemente sem motivo algum.  É o tempo, uma voz bate no fundo dos olhos, também de pouco em pouco mais fracos, continuamente. A vida é breve, curta.
Depois de muito tempo gostando de correr atrás do próprio rumo, acabo por perceber que tudo o que se conseguiu foi sobreviver. Mas até quando. Até o fim da vida, certamente. Por isso os sonhos são fugazes. Duram uma noite, o tempo de um sono. Não existem nos olhos abertos, na consciência ativa. Não existem que se não mesmo só para nós, e cada um o seu, sem nem compartilhar. Viver, viver, viver, viver, pulsando por dentro. É a vista otimista sobre o processo.  Não é vivendo que se caminha, mas morrendo. E assim eu vou, rumo ao fim de tudo isso, não como queira, mas como posso. Se é que posso além de sobreviver.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

E deus pode/pode/podia tudo

E lá pelas tantas, durante a semana, deus disse – faça-se o homem! E assim veio Adão, e dias depois Eva. Deus tinha um plano ambicioso para eles. Queria que fossem a base genética de toda a espécie. Queria praticamente um padrão de gente. Mas esse trabalho acontecerá de que maneira? O casal deverá fazer muito sexo para conseguir povoar toda a terra, afinal, é um planeta consideravelmente grande, se considerarmos que tudo começou com apenas um casal. Então, o sexo seria a ferramenta deles, mas transar reprodutivamente tinha as épocas certas do mês. Era preciso um outro plano. Aí, entra a cobra com a maçã. A maçã envenenada com o veneno da sabedoria (qualquer semelhança com a maçã da Bruxa da Branca de Neve é mera coincidência). Foi assim que a maçã virou o fruto do pecado original. Ela tem poderes afrodizíacos. No início, foi uma grande jogada, porque isso aumentou muito a fertilidade e trouxe o prazer no sexo. Agora, já que não tinha eletricidade, a fogueira comia o toco a noite toda. Bom, Abel, Babel, Caim, Dabel, Eaim, Fabel, Gabel, Haim, Iabel, Jabel, Laim, Mabel, Naim,... Uma vez povoada a Terra, para melhor uso da maçã, enquanto alimento, deus tirou tanta libido dela, deixando uma leve quantidade... uma brisa.  E a maçã foi consumida como alimento e nutriu grande parte do povo... que de maçã em maçã, o adão enche o pomo, a galinha, o papo. De brisa em brisa, a teoria da conspiração encarregou de transformá-las em tempestades do outro lado do planeta, desencadeando super populações no futuro (oops, nosso presente). Maçã pra cá, ventos pra lá, não se sabe se deus planejou isso, mas a raça humana empesteou a terra. Se era parte dos planos de deus, ele conseguiu.