quinta-feira, 14 de abril de 2011

Questão de ponto de vista

Entrar num consenso parece ser uma das maiores provas da humanidade. Ela nasce como uma ilusão ainda na nossa formação social. Entrar em um acordo é um grande símbolo da resolução de problemas. No entanto, entrar num acordo é ao mesmo tempo muito difícil, porque o acordo em si já pressupõe a desavença. Ou uma das partes está errada ou não existe consenso e e pronto. Para tirar a poeira deste blog, nessa fase difícil da minha vida, de tantas coisas ao mesmo tempo para dar conta, eu vou trasncrever a fala da Regina Casé, no final do "Pé de quê" sobre a criminalização da canabis, emitido pela TV FUTURA, no ano de 2008.

"O Fernando Gabeira fala que se a Canabis fosse uma família, teria dois filhos unidos e separados pela mesma característica genética, o THC. Um dos filhos, com menos índice dessa substância, produz o cânhamo e todos os derivados comerciais e farmacêuticos. O outro filho, devido ao alto teor de THC, produz essa substância psicoativa. Na maioria dos países, a plantação do cânhamo é proibida. É um irmão pagando pelo outro.
No ano 2000, cientistas da Califórnia concluíram que a Canabis provoca câncer, enquanto cientistas ingleses afirmaram que a canabis pode curar o câncer. Nas primeiras décadas do século XX, a canabis era responsável por comportamentos agressivos, e perigosos. Em meados do mesmo século, a canabis passou a representar apatia, desânimo. Muitos dizem que a canabis diminui a libido. Na Índia, ela é considerada afrodisíaca. Se existe uma coisa que a gente pode afirmar sobre a canabis é que não existe consenso sobre ela. Em dez mil anos de convivência com o homem, ela foi tão amada quanto odiada, tão cultivada quanto destruída. Definitivamente, do ponto de vista da canabis, a humanidade deve parecer muito louca, né?"