Imploro
às verdades para que sejam absolutas. Para que sejam leves, brandas, contudo
absolutas. Quero sempre o limite do desenho da sombra. Quero sempre ver as
margens entre a luz e as trevas que brotam de mim. Quero saber o sabor e o saber
dos alimentos. Quero ver sucumbir os mitos e as lendas. Quero ver a igreja
ruir. Quero ver Homens e homens. Mulheres e mulheres. Quero conhecer a verdadeira
face do plano do uno. Quero saber se somos um, qual é sua parte que me espera.
Quero sentir pulsar dentro de mim as veias dessa sociedade. Quer ver o que
sobra, o que resta. Quero ver o vazio enchendo de mundos e o cheio perdendo
seus valores. Quero saber se a igualdade está nesse pacote. Quero saber se a
gentileza veio só como brinde. Quero saber se todos tiveram acesso ao mesmo
pacote e cada um que ficou responsável por distorcer o seu. Quero saber se o
gosto desses brindes tem efeito alucinógeno. Quero tudo isso e mais um pouco.
Quero ficar louco, se é que ainda não o fiz. Só não quero uma coisa, que as
verdades que tenho que fingir sejam sempre a verdade do outro. Quero ver todo
mundo perdendo o chão, buscando para os pés um novo conforto. Quero ver quantos
encontrarão.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Bom, nesse sonho eu finalmente estava numa casa que em outros sonhos eu já havia tentado chegar algumas vezes. E lá já estava eu. Não me lembro do percurso, só lembro que cheguei. Era casa do Luís Carlos e do Charles. Em outros sonhos, quem estava nessa casa era o irmão de um deles. Agora, quando entro lá, deparo-me com minha mãe, umas pessoas poucas, todas conhecidas. E eis que por uma porta vem brincando inocentemente a figura de uma menina de seus mais ou menos quatro anos. Linda, era ela. Eu já de pronto me senti atraído. Era bela e educada. E eu, fascinado, tive no mesmo instante a certeza de que era minha filha. E junto à certeza, outra – ela não sabia que eu era seu pai. Mas ali, naquela casa? Nada disso mais importava. O contexto era tão bizarro para que houvesse uma filha minha ali, mas e daí? Era linda, a menina, cujo o nome já perdi nas deslembranças desse sonho.
Minha mãe estava ali no sonho e parecia já saber de tudo. E eu titubeei, pensei: conto a ela ou não que sou seu pai? Contei. Ela me deu um abraço apertado e mostrou-se tão feliz, mas tão feliz... aquilo me comoveu muito. Muito mesmo. E então chorei. O clima era de felicidade geral. E então, perguntei para ela: mas quem é sua mãe? E ela só apontou uma mulher na mesa, do outro lado. Era Lucimar. Uma amiga minha da terceira ou quarta série. E o diálogo: Mas Lucimar, por que você não me disse nada? – Por que você gostava da Karla. Karla é uma amiga minha daquelas que a gente nem sabe de quando porque éramos muito criancinhas quando nos conhecemos. Nem lembro o dia que a conheci, só que quando me dei conta de que eu vivia e era alguém, eu já era amigo dela.
No sonho chegava meu pai, chegava o Luís Carlos, velho, com o rosto de velho. O Charles como sempre alheio ao tempo que passava para todos, menos para ele. E a criança.
Fiquei tão impressionado com o sonho, com a clareza com que vi o rosto da minha filha, que não tinha nome pelo jeito, porque não me importei em perguntar e ninguém falou durante o sonho.
Talvez seja o meu momento do retorno de saturno, e o meu corpo chamando para o ringue minhas obrigações parentais. Não tenho filhos... agora fico pensando se completo ou não a frase com o AINDA.
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Vagando sem direção
A pressão é leve e sutil. As palavras vão dissolvendo dentro da minha consciência, e sinto como se peristalticamente minhas vontades fossem mudadas em prol do outro. Escapo por entre as brechas sobressaltadas entre o que eu quero e o que posso. Mas perdido assim, dentro de mim, o que posso querer além de saber o que posso? Um sonho lúcido, desses em que a lógica é um mero detalhe, desses que quando falta nem falta faz. Um clima de perseguição e de contradição. Não me sinto contradito dentro de mim, mas meus ouvidos distorcem cada sussurro.
Ah, se eu fosse dono do tempo, faria parar e arrumaria minha casa. Arrumaria minha vida e talvez mais um emprego. Arrumaria dinheiro e pagaria as contas do mundo. Faria um banquete para quem tem fome, um piscinete para quem tem sede. No instante seguinte, todos contentos como num passe de mágica. Mas a mágica que me muda de um segundo para o outro nunca me trata com a mesma generosidade.
É espessa a sensação do engolir sapos. É a pílula da libertação. É o suicida que não se mata com medo do pecado, mas que vive só esperando tudo acabar. E eu?, pergunto-me para mim mesmo. Onde foi parar meu juízo, minha lógica ou minha razão? Nas caixas do comprimido. Na ponta do lápis dos médicos.
Eu vago, e vago e vago e vago... vou longe e distante, mas nunca volto, posto que nem mesmo sei de onde parti. Quem dirá para onde vou, de onde vim. Por que sou, então, a utopia do auto-saber, desse sonho abdiquei, vou tocando a vida, ou sendo tocado por ela. Vou oscilando, no ritmo das ondas dessa maré que nem me leva nem me deixa. É fim do ano. A virada está próxima. Tomara que essa coisa vire, que a moeda com cara me mostre a sua coroa. E que a coroa me traga sua majestade riqueza.
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Lapsos em Descompassos
Medos e síndromes à parte, eu sempre sinto que falar através dos textos em blogs é como falar com paredes, que por sua vez, têm ouvidos. Dar vazão a essa expressão é muito bom e por isso recomendo. Senti-me um parteiro, digamos, incentivando uma amiga que vou usar um codinome para não identificá-la: Rosa. E o outro amigo, na conversa: Camilo. Não que seja necessário escondê-los atrás de codinomes, mas onde ficam as piadas internas??
Rosa sempre teve ideias sobre o mundo. Ideias que nunca germinavam e botavam seus brotinhos além dos limites dos pensamentos dela. Um tipo de egoísmo no escuro. Camilo, estudando o poder do blog nas nossas vidas, chega com uma dissertação impressa cujo título era: Rosa, faça um blog! E assim se fez um Lapso em Descompasso!
Não foi bem assim, mas viva as perspectivas, e abaixo às expectativas.
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