sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ultimo Improviso (2010)

Pois é. Estamos aqui no fim do ano de 2010, na porta do ano de 2011. Na verdade, como eu consegui pular o Natal em sofrer grandes traumas, o ano novo seria fichinha despistar também, mas não vai rolar. Estarei lá firme e forte, celebrando o fim desse ano, que me mostrou o quão lento eu posso ser. Estou aqui com a dissertação caminhando. Ultimo dia de trabalho nela foi ontem. Hoje eu vou limpar a casa e depois ir para a casa do meu irmão, ficar com minha família, curtir a sobrinhada toda e um pouco de mãe também.
Mas que ano, heim? Eu espero que 2011 seja diferente, sabe por que? Porque eu não estou tendo muito a sensação de separação dos anos, como sempre tive. Mais do que qualquer dia e sempre, hoje eu tenho a sensação de que amanhã é dialogicamente responsivo ao dia de ontem, e que mudar o ano não vai mudar isso. Portanto, os votos e os planos são uma fantasia. Acho que é de novo a fantasia do controle que cremos ter sobre nossas vidas. Quem se achar dono de si o bastante para achar que é dono do destino eu dou os parabéns. Mas essa não é a realidade da maioria. E, para variar, a maioria não tem prestígio, não se ouve sua expressão. E por que? Enfim dos porquês, né?
Mas como eu queria ser precisamente capaz de prever o futuro.  No lugar de votos, eu distribuiria certezas. Mas como ter certeza de algo no futuro?Nosso futuro é influenciado por novos produtos da mídia o tempo todo e nem temos controle sobre isso. Tente evitar todo e qualquer tipo de propaganda por 1 hora, acordado. Não vale ficar trancado no quarto, olhando para o teto. Ou vale, aí vocÊ vai ver como é ruim para conseguir se privar das propagandas. AHhh, foi um ano esse 2010 de mutia revolta por sentir-me tão vítima da propaganda. O trofeu canalhice propagandísticia vai para a Tim, que consegue enviar até 8 mensagens de propagandas de sites da Tim, de assinar piadas e dicas de beleza, nótícias, músicas, colocar crédito, usar a internet, sincronizar agenda, colocar mais crédito.... Vamos combinar, né TIM? Você pode ser Sem Fronteiras, mas tudo em que Ter Um Limite!!! Que 2012 você tenha um pouco mais de bom senso e pare de invadir a casa das pessoas com seus planos diabólico-capitalistas. Chega um pouco, né?
É. 2010 não foi necessariamanete um ano fácil. Na ponta do lápis, eu passei a maior parte do tempo em profunda ansiedade, de mal humor, estressado, estudando. Apesar de atrasado na dissertação, acredito que esteja tendo um bom desempenho. Mas veremos isso depois, no fim dom estrado. Eu sei que, para o ano que vem, eu quero:

Terminar o mestrado
Ser mais feliz durante o ano todo
Retomar meu bom humor
Melhorar alimentação
Fazer uma atividade física que me agrade
Na minha bola de cristal está dando tudo positivio. Tudo favorável. Tudo possível. Então, só vai depender de mim agir. Quando a gente fz listinha e promessa, sempre a gente fica esperando cair d céu. Não. Se a gente nao for atra´s batalhar, não onda pulada que renda uma boa mandinga. Sem por a mão na massa, não tem semente de uva e romã na carteira que consiga um bom salário nesse mercado que tá uma loucura!

Chega de escrever. Quro agora sonhar com as promessas que não sabemos se podemos cumprir porque nunca de fato intentamos cumpri-la. Essa listinha eu guardo só comigo. Então, agora eu vou me recolher um pouco, no branco do fim desse ano, e escolher um sonho para realizar no ano que vem. Um sonho por ano.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Na direção certa

Ando pensando em qual direção as coisas caminham no meu dia-a-dia e como eu contribuo para com as forças de um padrão social que não reconhece meu lugar na sociedade. Acho importante encontrar o equilíbrio entre aquilo que você pode fazer, que está ao seu alcance, e aquilo que simbolizaria uma verdadeira ruptura. Existem caminhos pelos quais você se sujeita, em outros você é o martir. Em alguns, minoria, você é o heroi. Mas ainda assim, todos são caminhos. Vemos ventos que sopram na direção de uma sociedade repensada, e ventos na direção oposta, como o caso da agressão dos gays com lâmpadas.
Existe tudo muito junto, muito misturado, muito homogeneizado. A mídia, com o poder que tem, não parece investir nessa direção. E por que não, será? Por que isso não é interessante? Não promoveria tantas melhorias sociais pessoas mais bem resolvidas e com chances de mercado de trabalho em condição de igualdade, com respeito e dignidade no dia-a-dia, sem sofrer discriminação por minhas condutas.
Procuro militar como posso. às vezes, até jogo sujo, confesso. Mas é que tem uma coisa: gente muito hétero é muito restrita, e até um papinho leve fica difícil. Mas eu sempre tenho paciência e respeito as limitações de cada um. Agora, sofrer bullyng por nem ser tão diferente assim, é o fim, heim?
No fim das contas, fico aqui me perguntando. Penso em como seria caminhar numa direção certa. Como seria dificil encontrar uma direção certa para todos, não é? Definir trajetos e delimitar condutas é um caminho para onde? O que nos espera no final desse arco-íris preto e branco? Para qual lado é o da direção certa? É quase confortável perguntar, porque a pergunta é metade do caminho para a resposta. Mesmo que não haja a resposta, há pelo menos a pergunta, que faz fronteiras com a resposta.
A sociedade é tão héterogênea ao mesmo tempo que eu imagino que tudo terá espaço para evoluir: perspectivas aceitáveis e inaceiáveis, porque cada cultura é una e unica em si, assim como o é cada indivíduo. Para esses, como disse cazuza, insetos em volta da lâmpada, só me resta escorregar os dedos por sobre o interruptor e apagar minha doce ilusão do caminho certo para todos, e de um mundo com espaço de sobra para todos os seres.

 - Não sei. Não quero saber. Tenho raiva de quem sabe.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O desespero [fragmento]



Tento passar despercebido por entre as sombras que longe traçavam seu negro rastro sob a rua já quase vazia. Desvio das folhas secas sedentas de beijar meu pé e oferecer o estalo desse beijo aos ouvidos atentos daquelas paredes vivas. Tudo parece pulsar sobre mim. Ao passo da dança que o vento impunha à minha roupa, mais leve e folgada, também recaiu meu medo. O farfalhar dos tecidos roçando ardiam na minha cabeça como um alerta contra a direção errada.

Olho, ainda incrédulo, para o rumo que eu deveria ter tomado. Olho cego, nada atento. O pavor ainda faz gemer os pelos ao fio da pele. Fazia calor, não era frio. Meu sangue ruborizou toda a pele branca. É o humano animal e o social de mãos dadas. O corpo responde ao social no rubor e no desespero. Somos meio homens meio animal.

As relfexões não levavam a nada. Não me moviam. Corri em silêncio de mente durante algumas quadras. Ainda que desconhecesse tal capacidade em mim, estava feliz por ter me metido longe daquela cena fúnebre. Mas nada disso ainda adiantava. Estava lá, no nó da garganta. No importa aonde eu fosse, sentiria isso quando chegasse. Pareço o casulo do mal. A semente proibida. Por isso me calo. Para que eu não envenene o ar imaculado do qual só os nobres e os puros desfrutam.

Guilherme Duran

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Homens Bissexuais


Li a coluna da Regina Navarro do portal Terra sobre homens bissexuais. Rou resumir grotescamente enquanto vou apresentando meus pitacos e pitecos. Os homens bissexuais podem ser divididos entre aqueles que acham que têm mais vantagem porque o leque de opções é o dobro dos “monossexuais”, e aqueles que acham que isso é conflituoso e desejam posicionar-se em uma das modalidades previstas pelo código social – nem vamos discutir alguns preceitos que herdamos nesse código, né? Pos bem, a característica que agrupa todos sob um único domínio é o medo de serem descobertos em seu desejo. Isso mostra que o olhar do outro, o julgamento do outro, e sua aprovação, são mais importantes do que a felicidade da própria pessoa. O medo de ser associado ao homossexualismo (porque, nesse caso, é patologia social mesmo – não os gays, ou bissexuais, mas os tratamentos que eles recebem perante esse código social.) é constante. Dessa maneira, sem que eles mesmos queiram, acabam contribuindo para a confirmação de determinados juízos de valores incabíveis e que são muito difíceis de romper por já estarem incrustados na nossa identidade. Por isso, o grito de liberdade é um grande ato, porque você rompe com esse agregado que nunca disse respeito a um ser humano. Isso é adestramento, não ‘livre arbítrio’. Mas enfim. Eles têm medo de serem descobertos por causa dos juízos dos outros (e da maneira como isso vai afetar sua relação diária), e acabam convalidando a regra absurda como válida.

Pensemos nos que pensam ter mais chance. Matematicamente, as contas apontam isso mesmo. Quem é mais aberto a experiência terá de fato mais experiências. Pensem na velocidade da internet. Quanto maior o canal, mais informações você absorve. (Você que não saiu do armário, pense nisso ;)! ) Vejamos o depoimento do entrevistado: “Lido com esse desejo da mesma forma que lido com o desejo por outra mulher. Há várias amigas de minha esposa que adoraria levar para cama. Ser bissexual não é um bicho de sete cabeças.” É muito saudável para ele que tudo tenha certo esclarecimento e que ele consiga aproveitar da melhor maneira para todos dessa bissexualidade. Mas é interessante observar também que o rompimento não existe com o código social. Isso ainda é apenas uma pequena mudança, pois ele ainda está tomado do código machista. Por exemplo: o homem heterossexual aflora denunciando um estereótipo machista, que quer levar as amigas da mulher para a cama. Minha intenção não é emitir juízos de valor tampouco, apenas gostaria de ressaltar seu argumento de afirmação da conduta heterossexual.

Ainda, no início da fala do entrevistado, ele se coloca em vantagem claramente em relação aos heterossexuais, sem fazer menção alguma aos homossexuais [homoeróticos, né? Eu prefiro gay. Acho mais simples.]! É interessante observar que a disputa, a correspondência, o foco de ação é o mundo heterossexual pautado no machismo social. O lado gay é escondido ainda, refletindo o medo que todo gay sente ou sentiu muitas vezes perante a sociedade. É melhor que o melhor que o homem gosta de ser, segundo sua mania de grandeza nata. E quem ele coloca no topo que precisa ser superado? O heterossexual.
É muito mais difícil do que pensamos quebrar de fato um domínio social sobre si. Há sempre que lidar com consequências, mas quando não é assim? Fica a dica para quem está pensando nesse conflito. O conflito está na norma social com a espécie humana. São simplesmente incompatíveis, como roupas velhas e pequenas que insistimos vestir.

Leia a coluna de Regina Navarro clicando aqui!

O Adulto - Teoria Cretina do Desenvolvimento Social

Para falar de adultos, começo por diferencia-los na sociedade. Ele está em constante contraste com o não adulto. A classe dos não adultos é formada principalmente por aqueles que ainda não atingiram a idade da madurescência. Isso quer dizer que o adulto se caracteriza no desenvolvimento pela aptidão e gozo de funções amadurecidas. Funções essas físicas, psicológicas e, destacadamente, sociais. Tanto o é que, para se atingir a maioridade, é necessário ter tempo de vida. É preciso, antes de tudo, crescer. Mas o que vem a ser o crescer? Em seus diversos aspectos (físico, social, psicológico, histórico), o crescimento reflete o abandono de comportamentos típicos das fases de não adulteza. Em geral, esse comportamento anterior à fase adulta é denominado infantil.


Assim, é plausível entender que a infantilidade é um dos aspectos que delineam os limites entre o adulto e o pré-adulto. No entanto, o traço infantil não é abandonado de todo, pois a sociedade nos dá mostras materializadas e materializáveis de que a infantilidade continua num percurso também crescente, que acompanha outros pontos, considerados adultos. Por exemplo: a maturidade sexual é acompanhada por sex toys (brinquedos sexuais), existem jogos só para adultos, desenhos voltados para adultos, parques de adultos, etc. O adulto se sente superior ao não adulto por uma herança social. No entanto, o exercício de sua emancipação revela apenas maior e melhor aprimoramento dos desígnios da infância. Assim, só podemos concluir que o adulto não existe se não enquanto extensão da infância. Por tanto, o adulto não existe.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Fernanda Torres na Ilustrada

A Folha de São Paulo agora conta com uma colunista que eu sei que vou gostar muito: vou poder ficar mais perto de Fernanda Torres. Bom, e esse post é para comentar o primeiro ‘post’ dela.
De maneira geral, a nova colunista da Ilustrada abordou um tema que eu gosto muito, que é a representação artística pela literatura de partes da Bíblia. Seu texto foca-se principalmente nas obras de Robert Crumb, que narra Gênesis de uma maneira muito peculiar que me deu vontade de ler; e também Thomas Mann, que escreveu José e seus irmãos, também segundo Torres, de uma maneira peculiar e espetacular. Confesso que, pelo que pude ver, interessei-me mais fortemente pelo livro do Crumb. Gosto muito de ‘vivenciar’ o matriarcado – ou que seja seu resquício. Trocando a brutalidade pela libido acentuada, Torres relata um livro que me fez pensar também em outras coisas. Por exemplo: o incesto. É comum na nossa sociedade sexo parental. Mas é muito velado principalmente quando a situação acontece dentro de uma mesma casa, de uma mesma família.
Achei engraçado a autora comparar o matriarcado com a organização das hienas. Haja língua para as menores do bando! Mas não acho que elas possam ser base para uma fantasiosa projeção daquilo que seria o matriarcado nos dias de hoje. Ainda nas tramas da literatura, dessa vez de Mariom Zimmer, que escreveu a saga Brumas de Avalon, narrando a história do reinado de Rei Artur a partir de uma perspectiva feminina, matriarcal. É certo que ainda haja choque quando Morgana dá ao seu irmão um filho. Mas essa ideia que teve a Senhora do Lago, Viviane, também reflete muito desse matriarcado que, pelo menos em Zimmer, não é o centro das organizações da estrutura do matriarcado.
Bom, é muito difícil conseguir num post de blog escrever tudo o que eu gostaria, mesmo porque isso já não seria tão distração se eu tiver que dedicar toda a minha força aqui, mas ainda quero citar mais um pensamento responsivo à Fernanda. Ela não citou o Saramago. Estou lendo agora Caim, dele. E conheço, digamos que bem, a obra O Evangelho Segundo jesus cristo. Vale a pena, viu Fer! [olha a intimidade.. rsrs] Em Caim, vemos também uma parte dos Gênesis. Mas não temos, pelo menos até agora onde eu li, uma marca forte do matriarcado. Aliás, existe uma mostra do poder do patriarcado na sociedade, mas não a submissão da mulher. Mesmo que calada ou conformada com sua condição inferior no Plano perfeito e divino de deus – como é o caso de Eva, a mulher pensa e age conforme sua astúcia. Deus se coloca para os humanos como seu criador, se coloca como único para nós, mas concebe outros deuses e também outros universos, para onde vai quando decide que tudo por aqui está pronto.
Uma hora ainda escrevo mais sobre Caim, que muito está me apetecendo.
Bom, vou terminar o post mandando um beijo para a Fernanda Torres e desejando-lhe muito sucesso nessa nova empreitada. Ficarei atento aos seus textos. Sugiro que ela faça um blog ou que em seu site ela deixe disponível seus textos. Tenho certeza que muita gente vai querer ler suas palavras.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Exaustão

A mente, inquieta, finge não me consumir enquanto repassa em sua tela imaginária todos os percursos que não tracei e todos aqueles que trilhei de olhos fechados. Os passos embebidos da minha certeza já não contam mais com uma migalha da minha atenção inconsciente. Agora, que sussuro para mim mesmo à beira de minha estafa, crio dentro de mim uma força oposta em direção à luz. Mas é artificial. Não a luz, mas o desejo por ela. Atrás dos meus brilham as vontades de escuridão, de ninho, do útero.

Se sempre estou no campo, correndo atrás do plantio, cuidando das minhas mudas, fazendo-as crescer, porque pareço não saber que um dia virá sua estação de frutos? Parece-me seca a missão e, portanto, ingrata. Se sou árvore, quais são os pássaros que se alimentam dos meus frutos? Quem vem pousar nas minhas flores e provar meu nectar?

Um sorriso largo, extremo, amplo, me invade a boca seca. Sem um contexto, me vejo à beira da loucura. Talvez enlouqueça mesmo. Mas talvez não. Tenho que traçar meus planos, porque se a loucura não vier, eu vou precisar dar conta de tudo ainda. Antes ficasse louco, e jogasse tudo para cima. Ou que venham os ´pássaros dar sentido aos frutos que brotei de mim.

Mas só me resta agora a estafa. A força física reside na minha casa das máquinas. É pena (para mim) não ser ela meu combustivel. Para que lugares terei de ir se quiser alimentar a minha mente? Exausto, eu desisto de pensar, e as palavras me pesam os olhos abstratos. No físico, estou aqui: alerta como a coruja na calada da noite, à espreita, com o pio na ponta do bico desferindo medos aos passantes. Ouço o chamado. Desligo.

sábado, 27 de novembro de 2010

Fuga imóvel

Meus olhos varreram o céu estrelado. Cada brilho no relevo da calada negra é uma estrela perdida no tempo e no espaço, embora esses conceitos existam somente para nós. Mas quem é que sabe onde está se nunca viu nada diferente? Eu vejo uma estrela perdida no espaço mas não vejo o espaço. E mesmo que ele esteja lá, eu nunca o verei com meus próprios olhos. Por isso, vejo o céu estrelado, mas vejo só brilho.

Eu olho para a Lua, dançando sua dança da fita no céu. Eu vejo seus passos seduzindo a vida a brotar no fogo do meu céu. Eu vejo tudo isso de muito longe. E sinto tudo muito suavemente. Estou sob minha árvore de pedra produzindo meu todo abstrato. Eu uivo perdido para a noite em busca de inspiração. O sopro de resposta me beija os ouvidos mas seus sussurros se perdem no ar ao caminho do meu abrigo.

Quisera eu, como os não brancos, que fazem teias de captar os maus sonhos. Faria uma rede em volta de toda minha casa e tudo que estivesse dentro do círculo faria parte de mim. Na Tailândia, Ritos públicos à Lua Cheia. E eu aqui, na minha solitária adoração.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Le Dernie Ours

Camille

Âgé d'une trentaine d'années, atteint d'une maladie de peau, la sarna, la dernière photo de l'ours Camille, prise le 5 février dans la vallée d'Anso en Aragon, où le plantigrade avait établi ses quartiers depuis quelques années, avec la vallée voisine de Roncal en Navarre (il évoluait auparavant en vallée d'Aspe), le montre l'échine pelée. Les appareils à déclenchement automatique éparpillés dans la montagne prenaient jusqu'à plusieurs dizaines de clichés de lui chaque année. Eu égard à la faiblesse de Camille, il est peu probable qu'il se soit déplacé. D'où la funeste conclusion qui s'impose peu à peu. S'il en est ainsi, avec lui c'est le dernier vrai ours des Pyrénées qui s'efface.


Du: Le Monde

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O sonho

Fruto da minha mente – que sempre mostrou-se a meu favor, agora também começava a dar de dedo na minha consciência, o pesadelo que tive essa noite foi particularmente simples. Em geral, meus sonhos, que me levam a lugares inusitados de formas inusitadas, são carregados de um pouco dessa loucura que tento conter enquanto os olhos são alerta. Meu sono parece ser a deixa mor por excelência para que minhas estranhezas escorram por dentro dos olhos, já com o caminho ininterrupto oferecido pela pálpebra fechada. É uma abóbada negra que fico olhando até começar, como se fosse um filme, no cinema. A diferença é que no filme dessa noite, eu não quis pipoquinha para acompanhar.

Era minha defesa. Estavam lá o meu Orientador, duas pessoas que compunham a banca e na plateia a Secretária do programa, linda e sorridente, além de outras pessoas, cujas as faces não me foram reveladas. Depois que eu terminei de expor meus 30 minutos de direito, tudo se modificou como num passe de mágica. Imediatamente depois, estávamos todos nós compondo a típica cena de um julgamento. Alguém que ocupava a poltrona do juiz tinha outra pessoa do lado: os sem-rosto. O Orientador era um poderoso advogado, com o dom das palavras difíceis. Eu em pé, em frente ao juiz, como quem espera a sentença de morte – ou de vida. Eu não sabia, inclusive eu!, se eu era o culpado ou não. Agora me recordando bem, nunca entrou no mérito da questão exatamente o que de errado eu fizera para ser julgado. Mas nem precisava. Era a dissertação a vítima, eu acho. A Secretária estava lá, naquele quadradinho que as testemunhas sentam ao lado do juiz. Ela estava séria. E o Advogado-orientador não calava nunca. Minha angústia crescia... muito.

Acordei, finalmente, como se escapasse da morte abrindo os olhos antes de terminar uma queda onírica, antes de saber se eu seria condenado ou não. Viva a consciência que faz isso com a gente no momento de descanso. Eu queria mesmo era um botão de desligar, mesmo que isso custasse não sonhar nem com as belas paisagens de lugares que eu mesmo inventei. Mas não tem. Não há o que fazer.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Perdendo Beltane

É muito simples perder uma data importante, um compromisso inadiável, uma festa de arromba, um horário no dentista. Tudo isso muito me frusta, me chateia. Mas não tem nada que me deixe mais furioso que perder um bom Beltane. É sempre assim: espera-se um ano até chegar o próximo e quando chega o dia, sempre tem algo que te tira da roda da festividade. Mas comemorar por comemorar simplesmente não tem graça. Precisa ter toda aquela preparação especial, um dia de bons fluidos, uma noite agradável, coisas boas pela cabeça, e tudo mais. Só que acontece que nesses últimos tempos o que eu não tenho tido mesmo - e isso aborta qualquer plano de rito - é paz de espírito. Por quê? Por conta da bendita dissertação. Eu não estou conseguindo fazer a análise. Está muito mil vezes mais difícil do que eu imaginei que seria. MAs é assim mesmo, me dizem todos que já passaram por isso. É assim mesmo e passe por isso também.

Gosto muito desse sabá e é um dos que mais perco. Só fica à deriva mesmo de Litha. É bem no natal cristão aqui no hemisfério norte. Esse ano prometi que montaria a árvore cristã de natal. De todas as minhas partes, essa é uma que tento abandonar. MAs o natal em si não é mais lá grande coisa para mim. E outra: é um inferno essa festividade toda. Mas é parte, imagino.

Bom, a Roda Wiccana não teve post nenhum sobre Beltane. Acho que, na verdade, essa é mais uma tentativa minha mesmo de buscar essa divindade entre um grupo de amigos. Acho que estou encontrando a derradeira hora de entender um pouco mais sobre covens. Eu li, não me lembro no livro de quem, que os covens podem ter vida curta se são fixados somente na relação entre X membros. Um coven é uma parte do desenvolvimento pessoal, apenas. Quando as pessoas passam por essa maturação, elas autormaticamente se colocam em outras buscas. Em outros objetivos que traçam outros caminhos para cada um. É assim mesmo. E talvez eu não esteja no momento de sair em busca de um novo caminho wiccano para mim. Acho que já encontrei o meu. Estou tranquilo e equilibrado, pelo menos nessa parte. Daqui para frente, vou começar a fazer a roda do ano certinho. Vou completar uma roda inteira de esbás e sabás.

Claro, com a dissertação a culminar em fevereiro, vou precisar marcar certinho quando eu pretendo começar. Talvez o mais saudável seja esperar meia roda passar e pegar de Samhaim certinho. Até lá, posso celebrar, fazer meus ritos e magias, mas a contagem mesmo será só lá. E para ver se curo essa perda de Beltane, durante essa semana, eu tento fazer um rito, se der. É o momento de eu mostrar serviço para meu orientador. Então, talvez não dê. Se fosse só o tempo do rito, com certeza daria, mas a Bi sabe como é montar um rito. Dentro do nosso coven, é um exercício de pesquisa, meditação e inspiração. Não dá para fazer brotar um rito assim do nada. Mas vamos ver o que sai.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Buraco Negro

Onde é o fim do vácuo? Eu sei que estou caindo nesse buraco negro. Estranhamente, meu corpo não sofre as alterações do ambiente. Ele cai. Por isso, criei para mim uma noção de espaço imaginando que eu estou caindo para baixo, e o que está acima da minha cabeça é o lado de cima, como se fosse a Terra. Mas não existe outro elemento na escuridão com quem eu pudesse comparar as posições. Era importante saber se esse conceito era partilhado. Mas eu estou só. E caindo, ainda por cima. Não tenho a sociedade aqui comigo. Estou só. A solidão é uma invenção da sociedade. Como posso ficar aqui sentindo algo tão social vivendo essa estranha experiência de ficar com o corpo suspenso no ar.

Às vezes, fantasio que é o vento passando por mim e que estou voando. Fico suspenso sem mesmo a sensação do ar fazendo um vento na minha pele descoberta. Não existe nem o ar. E o que estou fazendo aqui? Por que eu? Fico me perguntando... eu me questiono. Nunca respondo. Eu só responderia se eu tivesse para quem. Também pode ser que eu responda para um eu que habita a consciência. Uma parcela de mim. Mas isso tudo é social. O vácuo estava puxando de mim até minha relação de inconsciência, subconsciência. Sempre tentei ser o mais conciente possível. E, no entanto, estou aqui, longamente em queda. De repente, o buraco negro é em cima e eu estou caindo para cima sem nem notar. O homem é uma topeira, às vezes.

Começo a sentir saindo pelos meus poros essa impregnação social. Ali, eu sou apenas um humano. Impotente perante minha condição de queda constante. Sem fim. Um cair que só habitava meu plano das ideias. Era um conceito de queda, mais do que uma queda simplesmente. Eu já caía. Lembro quando vi um feixe de luz correndo pelo meu lado. Olha só que estranho. A noção de tempo é relativa. O tempo aqui parece passar diferente. Não existe a linearidade. Ou ainda, não existe o tempo. Não sei se o tempo passa. Vai ver estamos todos paralisados, limitados por nossas condições.

Minha humanidade está sendo sugada de dentro de mim. Está decaindo. Talvez seja minha alma, se desprendendo de mim. Ou talvez eu já tenha desprendido e estou aqui no universo, sem saber para onde vou. A verdade é que eu precisava mesmo ficar um pouco sozinho. Que ironia é essa, não? Talvez seja um sonho também. Vai ver ainda vou resolver um quebra-cabeça que vai me tirar aqui. Mas esse envolto negro - que até descaracteriza minha forma humana, desprezando meus olhos inúteis - não me dá nenhuma pista. Não há enigma. Eu sei inclusive onde estou. Caindo no buraco negro. Onde estará a chave do mistério? E o próprio mistério? Balela! Isso é tudo fruto social. Ali não existe nada disso. Desprendido da existência humana, perdido no anti-espaço. Também partilho dessa condição. Sou um anti-eu, virei do avesso. Ou de trás para frente. As direções não importam. Nada mais importa.

Minha garganta ata um nó daqueles que serão difíceis de engolir. Os motivos, todos humanos, terrenos. Ali não importa. Minha garganta tranqueada raspou por dentro até que saiu de mim e caiu mais rápido que eu. Engoli, para ver o que sentiria. Senti descendo dentro de uma garganta fora de mim, senti que eu engolia para outra pessoa. E não havia ninguém. Estou enloquecendo, penso.

A loucura é social. Minha loucura desprende-se lentamente de mim e vai caindo na minha frente. Eu não sei qual é a lógica adotada por aqui. Mas meu corpo tem mais matéria que essa consciência. E no entanto é ela quem cai na frente. Ou será que isso não seria físico? Ou seria ainda que o espaço é outro, com outras leis que eu desconheço? As perguntas vão rolando inúteis, inexpressas, nati-mortas. E  a queda continua.

domingo, 24 de outubro de 2010

Roda Wiccana

Entrando de cabeça no mundo dos blogs, lá venho eu com outra página... hehehe. Essa página, assim espero, vai funcionar como um elo wicanno entre os participantes do coven que eu participo. Acho que o espaço vai ficar legal, com a benção tecnológica da Bi, que uma hora dessas deixa o visu legal e também posta coisas legais no espaço.

A ideia da Roda Wiccana é uma fogueira no centro e nós, os praticantes, em volta dela para uma conversa wiccana. O espaço vai abrigar uma wicca mais voltada para nossa prática, nossas pesquisas, leituras, achismos, poções, dicas, feitiços, discussões, músicas, vídeos, e tudo mais o que aparecer. Já abri  círculo com o primeiro post, e aproveitei o esbath desse mês para postar um rito bem simples e gostoso de fazer.

Bom, agora, com vocês, o link ... rsrsrsrs

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Profissão de Rancor

Estou naqueles dias em que não consigo conter meu mal-humor. Consigo disfarçá-lo muito bem. MAs isso não basta, pois disfarçar tamanha a raiva que eu sinto´só melhora para os outros, porque eu mesmo continuo sentido esse ódio imenso. Eu sei que não precisaria sentir tudo isso por conta de percalços do dia-a-dia. Mas acho que é o estresse. O estresse está acabando comigo. Estou tão estressado e de humor alterado que até feridas brotaram em volta da minha boca. Não passa. Eu fico quieto, trato todos com educação.... mas o ódio está lá, plantado. Não estou sabendo administrar isso, eu acho. Chuto pequenas coisas no chão, desconto em objetos resistentes, para que não sofram com marcas que me lembrariam da infantilidade dos meus ataques de raiva. Mas o fato é que ela é. Ela passa a existir quase como o verbo na bíblia faz ser todo o universo.

Mas que besteira, enquanto eu tenho mil coisas para fazer, como a dissertação e a construção para tocar e eu aqui desabafando. Mas é que eu não posso já com tanto sentimento. Acho que resolveria se eu bebesse uma dose de tequila. Inclusive bebi na hora do almoço e, de fato, ajudou. Mas olha só que coisa. Estou bebendo para deixar de frustrar, de raivar e odiar. Será que isso é bom? Claro que não. Essas coisas são para divertir apenas, e não para afogar sentimentos indesejáveis. Então, eu não devo beber. Escrever parece que ajuda a organizar o pensamento. Acho que é porque mete tudo numa contínua linha de raciocínio. Materializar o verbo faz a gente ver com os olhos crus aquilo que dizemos. E aí vemos muitas besteiras que fazemos com as palavras [e sem elas também].

Mas essa sensação péssima na qual me encontro, descabelado, barbudo, gordo, sem paciência com nada, dormindo mal, levando bronca por coisas pequenas do dia a dia, xingando deus e o mundo... nada disso deixa de existir. Mesmo que eu cale meus verbos, não consigo calar o coração. E isso não resolve. Depois que e terminar o mestrado, quero ver se ainda me sinto assim. Já há um mês que meu quadro nao muda. Fico bem até, por algumas horas, em alguns dias. Mas é tudo tão passageiro. Feliz e infeliz são condições transeuntes na nossa vida. Mas parece que eu deixei de lado essa ideia e chamei para morar em mim toda a revolta do mundo. A felicidade vem visitar, esporadicamente, como sempre [como sempre foi depois que eu comecei a virar adulto, porque antes disso, a felicidade é que morava aqui]. Mas tá, abrir mão de dar lar à felicidade é uma coisa. Agora, chamar a fúria para morar comigo, aí não! No entanto, ca estou, odiando digitar errado e ter de apagar, odiando a bomba do chimarrão que entope sempre, odiando a erva do chimarrão, que não é aquela mais verdinha. Odiando tatear no escuro, quanto à dissertação, odiando os prazos se engolindo e vomitando responsabilidades urgentes em cima da minha cabeça.

Isso não é ser adulto. Isso é ser mal humorado. Sorte minha eu ter a cabeça no lugar. Sei que não vou cometer loucuras, porque ODEIO prejuízos emocionais [mais ainda do que os materiais]. Mas a vontade que eu tenho é de mandar tudo à merda. Inclusive eu. Fui.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Análise

O capítulo três está coroando! Vamos ter em breve um bebê experiência. Vou passar todo meu tempo dedicando meu tempo aos seus cuidados. Vou encher de critérios e perspectivas para ele crescer fortinho e com muita sustância teórica. Bom, com o bebê no colo, é aí que eu vou ter que cuidar mesmo da dissertação. Saindo da ponta dos dedos. Nascida no cérebro. Parida em abstração. Materializada na abstração. Verdades sólidas a construir.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

COZINHA RENDEZ-VOUS

O melhor da culinária universitária. [ http://cozinharendezvous.blogspot.com/]


A Gabi e o Ju me convidaram para fazer parte do blog deles de culinária. Adorei isso que a Gabi colocou, de culinária universitária. Sem precisar ficar definindo, também cabe bastante o espírito Rendez-vouz, que é o nome da república do Ju. Faz referências a lugar onde as pessoas se encontram e também ao termo redevu, que tanto ouvimos quando quem diz se refere a uma grande bagunça. O blog ficou uma gracinha... hehehe. Os posts são engraçados. As receitas variam de níveis fáceis a difíceis. De coisas mais práticas e de coisas complicadas. É legal ver como a gente se delineia através das receitas que postamos. Por exemplo: o Ju super manja na cozinha. Eu não. A GAbi ama cozinhar. Nos ritos, ela sempre fazia uns patês, uns molhos e caldos que ficavam uma delícia. Eu, comprava pão. Mas como é cozinha universitária + bagunça, então o pouco que eu entendo já serve para ajudar no blog. E o mais legal é que por conta do blog eu comecei a prestar mais atenção na cozinha e por conta disso comecei a cozinhar mais, e melhor. Sigo dicas e debato receitas.

O espaço é democrático. Eu e a Gabi temos as mesmas orientações filosofico-religiosas, quase. O Joe se simpatiza com tudo o que a gente pensa. Mas seguir, para ele, são outros 500. E ele respeita, mostra interesse, contribui e colabora. Isso é um grande sinal de respeito, ao meu ver. Portanto, as receitas que não são vegetarianas, eu não ignoro, não. Penso em algo que possa substituir a carne, ou comento sobre outras coisas na receita. E ele também ótimas dicas. É de fato na cozinha que a conversa fica aconchegante, gostosa, divertirda. É na cozinha mesmo que a bagunça pega fogo! Na sala, a gente come e bebe e dança. Na cozinha vem todo o resto.

Bom, o post era para dizer que eu estou nessa parceria do Cozinha Rendez-Vous com muito orgulho de fazer parte dos blogueiros cadastrados. Essa vida de blog está me encantando bastante. Logo logo também começo postar algumas coisas a respeito da lingua francesa no blog do Club Français. Mas com a dissertação, tudo terá de ser uma coisa de cada vez. Se não, nao faço mais nada. Estou muito feliz com o Rendez-Vous. É também porque lá a interação com os amigos é maior que o pouco tempo e saco de ficar na frente do computador me direcionam a postar as receitas, e nao nesse meu diário. Por isso, acho que o clima lá é sempre mais favorável... e é pra lá que eu vou!!!!

O 2º CAPÍTULO

Acabo de voltar da universidade. Estava eu pensando que todo esse tempo que me mantive distante do 'Improvável Improviso' porque nada mais acontecia na minha vida, enquanto eu tivesse meu filho dissertativo para construir. O saber é algo que para se apropriar, em mim pelo menos, vem depois de muita dor, muito sofrimento, muito questionamento. Acho que deve ser assim para a maioria das pessoas, mas na minha pele, parece tudo ser mais intenso. Isso me faz lembrar de uma amiga de Tupã, a Gisele. Ela sempre dizia: imagina a pior dor do mundo. É mais. - rsrsrsrs. A gente sempre lembra saudosa de passagens da adolescência. Que bom. bom sinal. Fui feliz. E ainda sou. Apesar do mestrado... hehehe. Não não! Não quis dizer que sou infeliz por causa do mestrado. Só que não dá para ficar sendo feliz o tempo todo quando se tem uma agenda com prazos curtos para a entrega.

Mas chega de pensar em pressão, porque hoje eu entreguei o segundo capítulo. Vou tirar férias de um dia da minha dissertação. E sabe o que eu vou fazer nessas férias? Vou aproveitar para deixar tudo pronto para a minha entrada em sala para fazer o Estágio de docência. Pois é. Minha vida tem sido isso, mesmo. Eu é que acho que nada acontece durante o mestrado. Na verdade, tudo que acontece está relacionado a ele. E quando saímos dessa esfera, é normal ver a vida parada. Pois quando nao vamos exercer nossa vida na esfera social e voltamos para a acadêmica, a sensação não é justamente a mesma? Essa de que tudo ficou parado e agora tudo parece, além de parado, atrasado! 'Constatation': É engraçado ver que a vida social não joga na nossa cara nossos atrasos sociais. A acadêmica já te puxa pelo pé durante a última semana de prazos. O tormento não é ao atrasar, é para não atrasar. A vida social, se você abandona, os amigos próximos sentem sua falta nos primeiros instantes. Mas depois também se esquecem e se focam na vida deles - assim como nós fazemos com eles. A realidade é dura. Dura realidade, sed realidade. Adoro latinizar. Me vem na cabeça o primeiro ano da faculdade. Puxa, que percurso longo, heim? Mas consistente. Isso é que importa.

Bom, no fim das contas, focar num texto totalmente informal é tudo o que eu não quero para descansar. Vou postar assim mesmo, sem um nucleo textual que justifique o todo. O negócio mesmo é desabafar essas coisas. Colocar para fora, sabe? A dissertação tem sido, nos últimos tempos, tudo o que diz respeito à minha vida. Se eu sei o que escrever, a vida vai que é uma beleza. Se impaco na escrita, então a vida é uma droga e eu não tenho cabeça para fazer mais nada. Até abandonei a academia nessas últimas duas semanas. Desespero total. Desapego total. DEixei de lado quase tudo que diz respeito a qualquer assunto que não seja o mestrado. Amigos, agora. Pouco tempo para eles. Mas nos vemos. Ainda via mais a Margarida e a Rubia na academia. Mas agora está tudo distante. O contato fica mesmo pela internet. Que proximidade abstrata, néam? Bom, mas nada disso importa mais. O que importa é que eu entreguei o capítulo 2 tenho [segundo a Rubia] um mês e meio para fazer a anãlise. Claro, vou querer fazer tudo em um mês. Ja que estou aqui, vou ver até quando aguento esse ritmo alucinado. Espero, apesar da saúde, só ter a ganhar com isso.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vida breve


Os sonhos perdidos em que vago
Limitam minha frágil existência
Meus passos dados sem clemência
Ferem-me adentro num doce trago


Teus olhos errantes no sono leve
Derrubam tuas pálpebras pesadas
Vedando para si formas aladas
Voando na imensa negra neve


Se piscam cansados e sofridos
Teus olhos que trabalham incessantes
Sussuro murmúrios incompreendidos
Feitiços para ti hipnotizantes


Despertas no avesso da vida
E vagas perdido e desolado
Então meu semblante encontras
E me olhas com olhos apaixonados


Mas o conjuro tem curto prazo
E logo retornas de mim
E volto meus passos, eu me comprazo,
E neste teu sonho encontro meu fim.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

TUTORIAL PARA GRAVAR DVD

Esse tutorial foi copiado do site http://www.guiadohardware.net/comunidade/tutorial-gravar/736591/ e foi 3escrito por Caropita, em 2007. Os programas já têm atualizações mais recentes. Os links, portanto, estão atualizados no meu post. Eu segui os passos e pelo que pude ver, deu certo. Só ainda não testei no meu DVD, mas como eu player é antigo, o fato de eu não conseguir ver não quer dizer que o tutorial não seja bom. Segue agora o tutorial

LINKS:
AVI Recomp: http://www.baixaki.com.br/site/dwnld42095.htm

DVD FLICK: http://www.baixaki.com.br/site/dwnld41747.htm



1º passo- baixe e instale os dois programas. não necessita nenhuma configuração.

2º passo- abra o AVI ReComp, clique no botão Open AVI e selecione o video que deseja adicionar a legenda. Onde tem new AVI size vc coloca o maior para filmes normais(2350MB). Clique no botão Save AVI e selecione a pasta para onde quer que o video vá após a legenda ser embutida.

3º passo- clique lá em cima em additions e onde tem subtitle acione enable/disable, logo o batão load subtitle poderá ser clicado... clique nele e selecione a legenda(eu usei no formato srt. mas acho q o programa aceita os outros formatos).

4º passo- feito isso vá la em cima e clique em Queue, clique me preview para ver se o video esta com a legenda(é comum o som estar muito baixo, mas nada assim muiiiiito baixo... vc vai ver); depois de ver que esta tudo correto com o video + a legenda clique em Add to queue e clique em start. Feito isso não use o computador... pode ser que usando pode causar erros. Deixe o programa fazer o seu trabalho e quando estiver pronto aparecerá na coluna status: Done.

5º passo- agora você ja tem o video com a legenda embutida(na pasta onde vc salvou o arquivo criado pelo AVI Recomp terá uma outra pasta, mas o video com a legenda é o unico arquivo q esta fora desta pasta, ele estara na pasta q vc criou msm). pode fechar o AVI ReComp. Abra agora o DVD Flick. No canto direito tem um botão Add title, clique nele e selecione o filme c/ a legenda.

6º passo- clique agora em Project Settings, nessa parte não mude nada! Só vá para Video e mude o PAL para NTSC e clique depois logo embaixo em Accept. Lá embaixo tem Project Destination Folder, e no canto direito clique em Browse e selecione uma pasta para salvar o video transformado no arquivo para DVD. Feito isso clique em Create DVD. Agora novamente não use o computador para não causar erros durante o processo. Aguarde até que o video seja convertido para DVD.

7º passo- Agora está tudo pronto para o DVD ser gravado!!! Eu uso o Nero Start Smart!! Eu abro ele normalmente e clico em criar DVD. Em seguida clico em adicionar arquivos de video e adiciono os 5 arquivos que estarao na pasta( com os nomes assim: VTS-01-1; VTS-01-2; VTS-01-3; VTS-01-4; VTS-01-5) em seguida clico para prosseguir. E vou continuando normalmente. Durante o processo o programa pergunta se eu desejo converter alguns arquivos para NTSC, ja que a maioria dos arquivos estao em NTSC e eu respondo que sim. Desativo o menu e finalmente gravo o DVD. Espero novamente sem usar o computador e quando pronto o DVD prontinho será posto para fora do computador. Pego ele e testo em um DVD player. Roda normalmente. Não sei se usando outro programa para gravar o DVD possa dar erro... mas fazendo como eu disse dá tudo certinho!! E sem perda alguma de qualidade!!

Versinhos de 7 de setembro

Hoje é 7 de setembro. E eu aqui em mais uma crise nostálgica. Foco: minha infância. É hoje também que faz aniversário uma situação da qual jamais me esquecerei [assim acho]. Na minha época de creche, na segunda metade, mais ou menos precisando em que tempo isso aconteceu, minha professora, a Tia Didi, escolheu minha magra e pequena figura para recitar um versinho de autoria desconhecida. Eu decorei as palavras e ensaiava tentando pronunciá-las de maneira mais clara possível. Dava as entonações necessárias e dignas de uma recitada infantil e desenfreada. Vale lembrar que eu não tinha ainda desabrochado para o mundo artístico, apesar de já ter conhecido o artesanato, a jardinagem [que bem feito, é uma arte – o que não era meu caso] e a mais populares, como livros, filmes e essas manifestações mais acessíveis.

O caso é que os versos não faziam sentido na minha cabeça. – Não que isso fosse me ajudar ou me atrapalhar. Eu já tinha as palavrinhas todas decoradas. Era só esperar meu momento e dizê-las. Mas, num ensaio, a Tia Didi me disse que eu teria que espalmar as mãos para dizer “na brasileira nação”. Ao demonstrar como, ela dobrou os cotovelos e levantou as mãos espalmadas até a altura de seu peito, depois olhou para cima dando uma leve inclinada no pescoço para um dos lados e disse pausadamente. Claro, recusei-me. Ela insistiu e eu cedi no ensaio, mas sabia que não faria isso no ato que se consumaria.

Dito e feito, eu não fiz as mãos que ela tanto queria. Eu fiquei com muita vergonha, porque eu não sabia o que aquelas mãos – tão reveladoras se tivessem sido expressadas por mim, mostrando mais de mim do que eu gostaria enquanto estivesse num palco – tinham a ver com a história, com a frase, ou pedaço de frase. Bom, essa é uma lembrança boba, mas que vai ser carregada na minha cabeça. Acho que eu deveria estar na segunda série quando isso aconteceu. Eu já sabia ler e escrever, mas não tinha uma leitura de verdade, eu decodificava bem. A compreensão nem sempre participava da brincadeira. Encerro com os versos tais.

Dia 7 de setembro
eu não sei porque razão.
É um dia, um dia feriado
na brasileira nação.

Todo povo brasileiro
Fica altivo nesse dia.
A criançada, com gosto,
pulam saltos de alegria*.

Ah, já sei!
Foi dia 7 de setembro
Que raiou a liberdade!
Viva 7 de setembro!
Viva nossa liberdade!

* Eu não tinha nem a noção de que o verbo está errado, pois que deveria ser singularizado, e a repetição pleonástica de pular saltos. É a vida.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Teoria Cretina: eficiência da telefonia



Fato empírico
A música do telefone em espera das empresas de telefonia são sempre músicas calmas, relaxantes.

Hipóteses
Nosso corpo é dotado de eletricidade também. Essa eletricidade irradia em nossa pele em dias mais secos, como os de hoje. A partir da crença na regularidade do aumento de energia em situações de extrema raiva e sulfuroso ódio, acreditamos que a eletricidade do corpo também sofre considerável aumento em sua tensão. Para ilustrar essa fato, recorremos à imagem a cima. Considere a) que as empresas de telefonia possuem um sac para acalmar as inquietações dos usuários; b) que a tecnologia do telefone é transformar nossa voz em pulsos elétricos que são convertidos depois do outro lado [old-tec]; c) que, uma vez que concordamos que nosso corpo esteja mais carregado de eletricidade, é natural que esses impulsos elétricos sejam também convertidos em vozes do outro lado, sem mesmo termos dito nada!. Esses impulsos elétricos, naturalmente distintos dos emitidos pela voz humana, porém igualmente competente para o transmissão do pensamento, são identificados de maneira distinta que os primeiros e revelam a qualidade do humor da pessoa que está na linha.
As empresas de telefonia possuem, de maneira geral, um péssimo serviço de atendimento ao consumidor, o que ainda proporciona uma cretina realidade de paradoxo [como uma empresa que quer oferecer serviços telefônicos se o sac delas são uma droga? Qual será a qualidade desse produto?]. Portanto, os usuários do telefone deixam a alternativa de ligar para a empresa em última instância. Momento esse também conhecido como gota [inspirado em “Foi a gota d’água”]. Dessa forma, a empresa, ao reconhecer o nível do estresse do telefonador, começa a reproduzir uma música calma, ou clássica. Essa música tem a missão de acalmar o ouvinte. O nível de calma dele é medido através da diminuição de emanação de eletricidade secundária. Quando a empresa julga que você está calmo o bastante, ela sente que sua missão está cumprida e desliga. Ponto.

Conclusões

Cada um tire a sua quanto ao que me acaba de acontecer para me fazer criar essa teoria.
E ponto canot.




Ip^ Amarelo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Desejos e vontades

Levando uma vida dupla, correndo entre a construção da casa e a produção da dissertação, ainda tem muita coisa que abdico para dar conta dessas duas atividades. Coisas estas que serão realizadas assim que uma dessas etapas forem concluídas. O mais interessante disso tudo é que, ao listar os meus desejos, sinto-me igual quando estou perante as promessas de fim de ano, ou às ternas palavras ao moribundo prestes a morrer definitivamente. Afinal, morrer é verbo intransitivo. E intransitivo remete ao sem-trânsito. Quem morre, morre. Assim como as palavras nunca ditas que dissolvem na consciência individual. Assim também como as promessas não cumpridas ou os desejos abortados.

De qualquer forma, vou listá-los. Quero aprender a toca violão. Na verdade, quero mesmo é o piano. Mas isso vai ter que ficar para mais depois. Também quero emagrecer uns bocados aqui. Isso não precisa esperar, mas articular a ansiedade e a escrita sem descontar na comida é mais difícil. No entanto, sigo tentanto. Vou querer também fazer aquela faxina nas gavetas que não abro desde que terminei a graduação. Vou retomar meus estudos de francês, pois sou professor de francês, e ficar sem praticar está enferrujando as palavras que me restam na lembrança. Quero também passar mais tempo com os amigos. Sempre fui assim, até que chegou a vida acadêmica. Vou ainda retomar meu turismo linguístico. Quero ver de novo o esperanto, pegar firme dessa vez e chegar ao nível básico de conversação, com frases do tipo ‘como você está?, bom dia, onde está sua mãe, o que é isso?, etc. Depois do esperanto, ou concomitante, o romeno. Paixão antiga, mesmo sem conhecê-lo. E aí, rever o hebraico também, um pouco de japonês, quem sabe grego e latim? Grego eu nunca vi, e latim é o deleite. Adoro línguas mortas. Lembro-me sempre dos estudos do sânscrito. Mas agora tudo isso está enterrado.

Na contramão dos meus desejos seguem seu curso as necessidades da vida cotidiana. Minha condição de bolsa vai se acabar um dia (já tenho a data). Depois do mestrado, precisarei de um emprego. Como pretendo ser professor universitário, vou tentar engatar já um bom doutorado. E, já sabendo de como pode ser a vida com esses planos, o que vai ficar para trás serão novamente os desejos. A vontade irmã da necessidade é a mais feliz de todas, e eu a conheço. Mas não queria me desfazer das outras partes. Já não danço mais, não faço teatro, nada artístico. Ainda aprendendo a viver sem a arte [feita pelas minhas mãos]. Bom, desejos. Era o que eu tinha para mostrar hoje. Vontades e desejos. Agora, vou voltar ao anseio, às ansiedades, às dúvidas. Ao concreto. Chega de abstração.

sábado, 28 de agosto de 2010

Os balões de Tati


A manhã devorou o resto de noite num só gole. Os ventos matinais traziam um cheiro seco no ar, derrubando as folhas das árvores naquela manhã de inverno. Ao contrário disso, fazia calor. Era um calorzinho matinal anunciando outro dia de temperaturas altíssimas. O céu, mais azul impossível. Parecia que tudo estava perfeito, mas não sabia dizer para quê. Foi quando vi brotar no horizonte pequenas gotas no céu. Levantavam vôo da linha tênue entre o Sol e a Terra.Desprendia-se de tudo como uma grande bolha de sabão entregue ao sopro dos ventos.
E de repente outra. E outra. E mais uma. Outra lá. Ali... quantas! Era o festival de balões que acontecia todo nessa cidade. Parei e contemplei a paisagem. Eram tantos! Contei uns vinte, mas não dá para saber se eu contei tudo certo, ou se contei um duas vezes ou se deixei de contar algum. Mas isso também não importa. O que importa é que eles estão lá. Ensaiei na imaginação uma volta de balão. Senti medo, talvez não tenha coragem. Quando me vi, de fato, ganhando os ares, eis que vejo ao lado quem está comigo no balão. Uma amiga de infância dessas que a gente guarda pro resto da vida.

Surpreso, lembrei de imediato de sua visita em casa. Talvez não na mesma época do ano, mas coincidentemente na temporada dos balões. Ela olhava surpresa o céu. Enfeitiçada pela diversidade de cores e tamanhos. Então, olhei para o lado e senti que ela não estava lá. Aí, a saudade sugere um silêncio, de lembranças e lembranças. Sorri e segui meu caminho. A paisagem de balões ainda lá, enfeitando minhas boas lembranças de você.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Encontro

Estou aqui na biblioteca, me contorcendo com a minha dissertação. Num dado momento de sufoco, decido pela pausa. A cabeça pedia trégua. A auto-estima balançada pelo desempenho que não goza do mesmo fôlego do tempo tavez tenha mandado meus olhos perderem-se nas imperfeições do concreto da sala de estudos. As pessoas em volta todas debruçadas sobre os livros e os computadores pintavam o cenário acadêmico que, a essa altura do ano, não lotava as bancadas. No alto de uma estante, um compêndio sobre as famílias brasileiras. Meu ego gritou: - ceda! Caia na tentação do desvio de foco. Chafurde no seio do ócio e abra esse livro.

Hipnotizado pelo estranho desejo de abrir, tentei me segurar para cair na tentação. Mas o livro era mais forte do que eu. Lá estava meu nome e meus sobrenomes. Registrados pelo tempo nas páginas daquele livro. Abri. Li os meus três nomes procurando uma identificação como procura as mãos que abrem o jornal para o espelho do horóscopo do dia. Meus sobrenomes não me marcavam. Eu estava dissolvido no meio de uma família tão grande. Mas meu primeiro nome, intacto a pelo menos três gerações, tanto partena quanto materna, gritou minha razão de volta para mim e mostrou-se, para o meu deleite.


Guilherme = Nome de homem, por vezes usado na forma de nome de família. Do germânico. Do francônio através do francês antigo Guilleime. O primeiro elemento é a raiz que se encontra no gótico wilja, vontade, no antigo lto alemão, wellen, alemão moderno, wollen, querer, no antigo inglês willian, inglês moderno moderno, will. O segundo elemento é hilms, proteção, elmo. O Century, derivando do médio alto alemão Willehelm, alemão moderno Wilhelm, interpretou como “elmo de resolução”. Kleinpaul interpretou como “o que está sob a proteção de Vili”,Vili, um dos irmãos de Odin. Formas antigas: Vilelmus [documentado no ano de 969], Villelmo [doc. 1220], Guilhelme, Guilielmo, Guilhermo. Apesar das documentações antigas, J. Piel rejeita as origem visigótica para aceitar a francônia, porque os godos não possuíam nomes compostos com hilms.

O desejo, a vontade, o elmo, a proteção. Nessa ordem. Primeiro a vontade. Depois a proteção. Ou simplesmente juntos. Concomitantes. Este sou eu, talvez. E ainda assim, talvez não. Embebido de mim mesmo, recobro que depois do prazer, precisaria cuidar dos afazeres. Tal qual sugeria a proteção depois da vontade. Devorado de extasia, voltei a mim mesmo, num caminho confuso, até cair aqui de novo. E de cá, volto para lá. Um dia ainda me encontro.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Teoria cretina da percepção do tempo


Estava eu pensando na vida. Para variar, divagando. E o aspecto mais interessante, nessa condição de ser vivo, para os meus olhos é o tempo. O fator mais importante: ele passa. Ele está na memória. Ele tem faces fictícias. O hoje é um fato que se torna passado ao mesmo tempo em que ocorre. Talvez nem o hoje exista... e nós que sabemos olhar para o futuro, sabemos ler o passado, damos conta dessa incumbência? Afinal de contas, todo dia é hoje. Essa estranha constatação não é totalmente minha. Com tantas coisas que existem no passado eu juntei algumas e as organizei em uma ideia. Imagine quantas ideias não seriam possíveis a partir de um fato, de uma ex-realidade.

Aliás, já que estamos aqui, porque não falamos também de realidade e ex-realidade. Ler o presente é ler uma realidade incontestável. Passado e futuro são abstratos. O hoje vive em algo de palpável em nossa experiência de vida. Por isso as lembranças, de maneira geral, possuem artifícios que os liga de maneira incomparável. O futuro, por exemplo, nunca gozará dessa absoluta certeza de existência, de já enunciado. O passado justifica-se por argumentos fortes essa intrínseca relação. Tanto que a leitura do futuro e a leitura do passado necessitam de maneiras específicas de leitura. O passado por exemplo pode ser lido a partir do contexto atual, pode ser projetado, pode ser recordado, pode ser registrado, pode ser infinitas possibilidades. O futuro aciona uma leitura por meio de projeção, de dedução, de estudos, ... . A realidade funciona como um gerador de lembranças que vai se desfazendo aos poucos da sua consciência. Nada que uma sessão de hipnose não recupere em uma lembrança intacta. O futuro não se liga com tanta precisão ao presente. Talvez isso seja criação nossa. Pense pelas certezas de que amanhã você vai trabalhar, amanhã terá de ir ao mercado, encontrar-se com alguém, estudar (e eu aqui. :S), e outros. Sempre pode haver um imprevisto. No passado ele não existe. A palpabilidade do hoje não permite brechas para imprevistos.

Mas como bem lembrado há pouco, eu preciso estudar. Não vou desperdiçar essa minha teoria. Aliás, sei exatamente o que fazer com ela.

Publique-se.

Ip^ Amarelo


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ossos do ofício

Ao escrever um texto, as ideias vão se configurando e se relacinando umas às outras. Em geral, trata-se de um raciocínio muito importante em nosso dia-a-dia. E o simples fato de você ler bastante e também escrever bastante, pois a escrita é um trabalho, processo, e não dom. E depois do que aconteceu nesta manhã, nada melhor que um texto para ajudar a digerir a história toda. Pois bem. Foi assim:

“Quando eu fui à academia buscar um boleto para pagar a mensalidade, eis que a bolsista respondeu: - A partir desse mês, você começa a pagar dez reais a menos! Surpreso com a proeza, então, pensei: esse desconto seria dado quando eu fizesse 6 meses. – Já deram os seis meses iniciais? Ela respondeu com um sorriso largo e vitorioso – Siiiiim!! Eu, ainda confuso, ou cego confesso, voltei a indagar: - Mas já?! Seis meses mesmo? E minha resposta foi seca. Sua cara enrijecera num movimento mais rápido que meus olhos nem puderam flagrar. Eu estava despreparado. E ela prontamente disse sim, prolongando o som nasal. Aquelas narinas vibravam ao ressonar aquele fonema, como se quisesse marcar uma distintividade entre seu sorriso largo e sua irritação com minha insistência.Está bem, eu já havia entendido.”

Saí com o boleto na mão ainda com o olhar perdido. Foquei na lógica. Pesei. O dia anterior eu tinha reparado que tudo ainda não estava perdido, pois eu estava com o mesmo peso que há dois meses depois que comecei a fazer academia. Isso significa que eu perdi quatro meses de investimento tanto financeiro quanto em mim. Já deveria estar muito mais forte. E ainda nada. O sim decisivo daquela estagiária nocauteara. E agora, sempre que eu olhar para aquela balança, vou pensar nessa tomada de consciência, que a escrita me proporcionou. Isso é que dá escrever sobre o escrever.v Ou ainda, ossos do ofício.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Traçando novos objetivos bloguianos

Bom, com este post inauguro o movimento de quebra do perfil deste blog. Tentei até entaão fazer uns posts que tivessem uma relação direta com os meus estudos do mestrado. Mas o cerco está fechando pro meu lado e eu sinto que vou perder de registrar essa loucura que é a vida de um mestrando em pleno desespero de medo de não dar conta do recado. Ai, heim?! è uma sensação ruim. Por conta da grande demanda por minha atenção, não garanto que serei capaz de sempre postar textos que sejam de fato um improviso entre a vida normal e os textos acadêmicos. Elaborá-los também é um parto. E, apesar de essa medida não ser tão improvável assim, vou mudar minha direção de improvisos para onde for que eu tiver que atirar.

Portanto, amplio o objetivo do blog, que será registrar também minha passagem por esse processo louco do mestrado. Sem rimas e sem floreios. A verdade nua e crua... heheheh. Não vou exagerar tanto, mas a formalidade estará mais presente nos textos que ficam mais distantes da proposta inicial. Assim, fico aqui com  as explicações a respeito do tema. Quanto á forma, vou manter o modelo de três parágrafos mais para os textos da primieira proposta. Nos outros posts, eu fico mais livre e à vontade, para que não seja mesmo um transtorno parar tudo e elaborar os textos para aqui.  Assim, acho que terei um retrato mais fiel do que eu passo durante esse periodo de mestrando. Afinal, tudo que acontec na minha vida, acontece mesmo ao entorno do mestrado e também sofre influência direta dessa louca rotina. Já o estilo eu mantenho, porque continuo sendo eu mesmo a escrever. Meio largado, meio sério, meio cômico [mesmo semgraça], meio eu mesmo.

Pronto. Isso porque eu não ia misturar as estações nesse post, o improvavel improviso determinou a explicação dessa nova mudança no meu texto em cima do tripé do gênero discursivo [forma, conteúdo e estilo]. Agora vou ter mesmo que improvisar a ruptura falando de outras coisas. Então lá vai: trabalhei no vestibular da uem como fiscal de sala. Depois, voltopra escrita do artigo do evento Celsul, em Palhoça, e depois ainda volto a produzir minhas coisas de estágio. Rmpi com o linear aspecto do blog. Está inaugurado o novo 'eu escrito'. Só não quebro agora o limite dos trêsarágrafos. E fico por aqui.

domingo, 11 de julho de 2010

Condição de produção

Estou vendo que vou acabar perdendo o hábito de escrever no meu blog em muito breve, se eu não mudar de atitude. Acontece que o espaço foi criado para que eu praticasse o movimento de cruzar textos distintos em uma interpretação confluindo tudo. Só que nesse momento eu não estou conseguindo mais nada. E não foi por falta de tentativa, não! Eu tentei, e muito! Mas não gostei de nada. A escrita pela escrita não traz bons resultados. O porque de escrever [condição de produção] não pode faltar. Mas faltou. Vejo, pelo jeito, que peguei um fio de sua existência para produzir esses três parágrafos. Agora, vou mergulhar no outro texto.

Segundo parágrafo e um mergulho no segundo texto. Qual? A minha dissertação. Eu tinha todas as condições de produção favoráveis, mas eu não tinha o ‘como’. Cada hora, a nossa dificuldade se manifesta por trás de uma condição de produção, será? Da próxima vez que eu tiver dificuldades, vou analisar as condições e ver qual é a que está falhando na hora da escrita. Meu primeiro capítulo está pronto e corrigido. Mas meu planejamento de estágio não. É o próximo passo a ficar preparado.

Bom, entre os dois textos, a intertextualidade se dá claramente entre as condições de produção. Acho que esse deve ser o tópico central desse post. Uma vez que eu não mentalizo ninguém lendo isso, eu acabo me configurando como meu próprio interlocutor. Outra condição de produção: ‘para quem’. Para mim mesmo, oras. Para o Outro de mim mesmo. Se não fosse Freud, isso não estaria sendo escrito/lido no meu blog. Acho que vou convocar o Outro de Mim mesmo para a superfície da consciência. Melhor: vou chamar o Freud aqui e pedir para ele ter com meu outro de mim. Talvez eles se entendam e o doutor o convença a ser um outro de mim no meu time mesmo. Quem sabe ele não fica no banco de reservas e se torna outra condição de produção, no caso de faltar alguma.



Post Scritp: Cada vez mais, eu vou mergulhando nessa de improvisar o texto. Isso está ficando mais improvável mesmo. A cada texto, eu improviso de uma maneira diferente. Só para exercitar a escrita. O Improvavel Improviso desempenha um papel grandioso nesse processo: ele é parte das condições de produção, configurando o como, o para quem, o o quê, e todos os outros.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Na Copa, mesmo que o Brasil ganhe, quem sai perdendo é você!

Num período entre a próxima etapa da escrita da dissertação, a produção do plano de estágio, a escrita de artigos para publicação em anais, e outras mil atividades acadêmicas, eis que acontece a copa. Esse evento esportivo, que acende o patriotismo da nação inteira, também dá conta de ofuscar o cenário político, que já não anda lá muito bem das pernas. Como já temos visto de outros carnavais, o momento eleitoral maquia toda a configuração política. É maquiagem em cima de maquiagem. Um dos únicos momentos em que uma expressiva manifestação da democracia brasileira ganha voz, essa voz é abafada pelas propagandas eleitorais [propagandas mesmo] e pelo grande triunfo da nossa nação: uma carta na manga e uma bola no pé.

O que corta o coração pulsante pelo futebol em outros momentos, agora em época de copa, não é capaz nem de arranhar a carapaça criada para resistir às emoções desportivas. Tudo nas cidades de fecham. E em consonância a isso, os olhos do povo também. Menos os de AL e PE, que estão sofrendo com as enchentes. [ATENÇÃO: para alagamento, enchentes e desmoronamentos de residências, consulte WWW.enchentesbrasil.com.br] Pobre deles, que já fazem parte da grande fatia da pobreza no Brasil e agora nem auxílio direito o povo destina. Lembro-me de estar em Salvador e ver mutirão para ajudar a vítimas das chuvas dos primeiros deslizamentos em Santa Catarina. Agora, nem a exploração midiática dá conta de furar o bloqueio dos jogos da copa.

Quero também registrar uma coincidência muito intrigante. Fui convocado para ser presidente de mesa nas eleições de 2010. Os critérios de seleção? Dizem que é porque eu tenho nível superior completo e falta mão-de-obra especializada [em outras áreas] para esse tipo de serviço. Mas, no fundo, senti alguém segurando meu patriotismo e usando contra mim mesmo. Desde que transferi o meu título, passei a ser convocado para prestar meus serviços para a comunidade votante. Não reclamo [reclamo sim!], mas usar como critério de seleção o quesito ‘transferência de títulos para esta zona’ me deixa em dúvida sobre os critérios levados em conta na hora dessa triagem. Bom, meu intento foi registrar o momento sócio-histórico em que vivo nesse momento entre capítulos e de criação de proposta de estágio. Para não dizer que não falei das flores, tenho gostado muito de Margaridas.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Com o cajado dialógico nas mãos

Farol alto não é cajado de Moisés. É a mensagem rápida compartilhada pelo MSN de meu amigo Nilo. Bem, num gesto rápido de improviso, não tão improvável, cruzo com meu conhecimento de mundo. Meu discurso monologizado só tem a tratar comigo [ou o outro de mim] um único e especificamente unitário: a dissertação. Considerando-se a condição atual da dissertação, que é atrasada, a frase de Moisés me faz pensar em pressa. Não do Moisés. Aliás, se não fossem os egípcios, a partida dos hebreus teria sido apenas um longo passeio no bosque de areia.

Isso quer dizer que quem usa farol alto, força a pressa do seguinte. E como ele faz isso? Ele se vale das convenções sociais que ele articula para conseguir mobilizar o outro. Ele articula os conhecimentos necessários para que sua intervenção se efetive. E uma pessoa como essa, com essa capacidade potencial que tem de exercer sobre as outras pessoas, deveriam ser obrigadas a fazer o bem. Mas o que é o bem? Você também acha que um bem que seja coletivo é chamado de utopia? Isso não existe. As sociedades, apesar da globalização, ainda são constituídas por massas e também pessoas influentes dentro de sua própria condição social. Fundo marxista, apoiado. Rs. Vamos lá, então para o fim de uma vez por todas.

É com pressa, é para ontem, com cajado nas mãos, com todos os outros de mim que habitam nesses contextos, que eu renuncio ao sono. Na verdade, ele já até tinha partido, mas agora será muito bem aproveitado. Boa sorte para mim, e que venham posts, porque essa correria toda vai me render muitos desabafos, abafamentos, rs, e afins. Até mais para você e até mais para mim. Fui! ...

domingo, 20 de junho de 2010

O que basta?

As relações se baseiam no sentimento mais incompreendido de todos: o amor. Sendo essa a base de um acordo entre duas pessoas que estabelecem vínculos íntimos, não devemos esperar que a estabilidade seja uma constante nos dia-a-dia. Além do amor, são necessários outros pontos a serem vistos e revistos. Isso nos coloca frente ao desmoronamento do mundo de contos de fada no qual crescemos idealizando: somente o amor não basta.

Uma relação já começa com a promessa de duração eterna. Sempre que o amor pinta tudo, a primeira coisa que o coração fixa na cabeça é que essa é a condição ideal para a felicidade eterna. Mas, como já dito, só o amor não basta. É preciso também muita dedicação. Então, o conceito de relação que vemos aqui pode ser ampliado alem das barreiras do amor. A dissertação que devo escrever será fruto de muita dedicação. Ela também vai me trazer muitas noites sem sono, muitas lágrimas e desespero [como já tem começado a dar sinal de que seria assim, além dos que já passaram por isso e avisaram que assim seria]. E no percurso sofrido eu vou me perguntar: será que eu amo essa dissertação? Com certeza sim. Amo a condição de precisar escrever uma.

Mas só o amor que tenho pelo estudo não basta. É preciso dedicação. Numa relação amorosa, são estabelecidos conceitos e critérios sob os quais tudo deverá trilhar. Numa dissertação existe apenas uma cabeça pensando, retorcendo-se em si e distorcendo as mil vozes da teoria. Na relação, as vozes que são distorcidas são as nossas mesmo. Ora por nós mesmos, ora por outrem, pelo par mais desenvolvido, como diria Vygotsky. Pelo Outro, para Bakhtin. Mas e pra mim? Repensar teorias é mais fácil, parece. Por isso estudo. (?)


terça-feira, 15 de junho de 2010

Gênero cruel

Os gêneros textuais são formas tipificadas de textos que possuem uma determinada função dentro de um contexto específico. Essa definição torna a visão de texto algo mais formal. Ainda que saibamos que os textos existem em outras modalidades (formal, informal, oral, escrito, etc), sempre que temos essa definição, não pensamos primeiramente numa conversa via internet ou sms. Mas até elas são assim. Inclusive, a moda das poucas palavras chegou com tudo depois do twitter. Mas há um gênero que faz as pessoas arrepiarem: a placa de aviso de tempo de apresentação acabando.

Os slides que ainda não foram apresentados são somados e divididos pelo tempo que ainda sobra para terminar. Em geral, são avisados os comunicantes aos últimos três minutos. Assim, se ainda restarem 3 slides para serem apresentados em 3 minutos, você consegue separar um minuto para cada slide. Isso se nenhum deles for um gráfico mirabolante que você deverá explicar. O resultado dessa situação é sempre complicado. O desconcerto vem à tona, o ph do cérebro fica ácido e dá aquele branco. Neste momento, entra em cena o improvável improviso. Se der certo, bem. Se não, tant pis. (bem feito).

Depois de um parto difícil de um gênero textual conhecido por artigo, temos o gênero oral em situação comunicativa formal – apresentação de comunicação em evento científico. Para todos eles, há a escrita, a reescrita, o ensaio da fala, a reorganização, os slides. Tudo isso constante nos momentos anteriores à fala. No durante, os gêneros ‘cara das pessoas’, pontualidade, computador dando pau, luz do projetor fraca, orientadores presentes, e outras ‘condições adversas’ se unem e numa única voz se levantam numa placa contra o comunicante avisando dos últimos segundos de vida. E tudo acaba. Os gêneros textuais podem conter apenas um nanotexto: 3 min. O efeito que ele causa pode anular toda a sua preparação de muitas horas de dedicação. Sorte para quem se virou nos 30. Azar para quem não conseguiu. E no fim de tudo, o gênero ‘cale a boca já’ se sobressai e sempre dá o tom do fim da fala e o sabor das últimas gotas de suor.