domingo, 12 de dezembro de 2010

Fernanda Torres na Ilustrada

A Folha de São Paulo agora conta com uma colunista que eu sei que vou gostar muito: vou poder ficar mais perto de Fernanda Torres. Bom, e esse post é para comentar o primeiro ‘post’ dela.
De maneira geral, a nova colunista da Ilustrada abordou um tema que eu gosto muito, que é a representação artística pela literatura de partes da Bíblia. Seu texto foca-se principalmente nas obras de Robert Crumb, que narra Gênesis de uma maneira muito peculiar que me deu vontade de ler; e também Thomas Mann, que escreveu José e seus irmãos, também segundo Torres, de uma maneira peculiar e espetacular. Confesso que, pelo que pude ver, interessei-me mais fortemente pelo livro do Crumb. Gosto muito de ‘vivenciar’ o matriarcado – ou que seja seu resquício. Trocando a brutalidade pela libido acentuada, Torres relata um livro que me fez pensar também em outras coisas. Por exemplo: o incesto. É comum na nossa sociedade sexo parental. Mas é muito velado principalmente quando a situação acontece dentro de uma mesma casa, de uma mesma família.
Achei engraçado a autora comparar o matriarcado com a organização das hienas. Haja língua para as menores do bando! Mas não acho que elas possam ser base para uma fantasiosa projeção daquilo que seria o matriarcado nos dias de hoje. Ainda nas tramas da literatura, dessa vez de Mariom Zimmer, que escreveu a saga Brumas de Avalon, narrando a história do reinado de Rei Artur a partir de uma perspectiva feminina, matriarcal. É certo que ainda haja choque quando Morgana dá ao seu irmão um filho. Mas essa ideia que teve a Senhora do Lago, Viviane, também reflete muito desse matriarcado que, pelo menos em Zimmer, não é o centro das organizações da estrutura do matriarcado.
Bom, é muito difícil conseguir num post de blog escrever tudo o que eu gostaria, mesmo porque isso já não seria tão distração se eu tiver que dedicar toda a minha força aqui, mas ainda quero citar mais um pensamento responsivo à Fernanda. Ela não citou o Saramago. Estou lendo agora Caim, dele. E conheço, digamos que bem, a obra O Evangelho Segundo jesus cristo. Vale a pena, viu Fer! [olha a intimidade.. rsrs] Em Caim, vemos também uma parte dos Gênesis. Mas não temos, pelo menos até agora onde eu li, uma marca forte do matriarcado. Aliás, existe uma mostra do poder do patriarcado na sociedade, mas não a submissão da mulher. Mesmo que calada ou conformada com sua condição inferior no Plano perfeito e divino de deus – como é o caso de Eva, a mulher pensa e age conforme sua astúcia. Deus se coloca para os humanos como seu criador, se coloca como único para nós, mas concebe outros deuses e também outros universos, para onde vai quando decide que tudo por aqui está pronto.
Uma hora ainda escrevo mais sobre Caim, que muito está me apetecendo.
Bom, vou terminar o post mandando um beijo para a Fernanda Torres e desejando-lhe muito sucesso nessa nova empreitada. Ficarei atento aos seus textos. Sugiro que ela faça um blog ou que em seu site ela deixe disponível seus textos. Tenho certeza que muita gente vai querer ler suas palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário