terça-feira, 24 de agosto de 2010

Teoria cretina da percepção do tempo


Estava eu pensando na vida. Para variar, divagando. E o aspecto mais interessante, nessa condição de ser vivo, para os meus olhos é o tempo. O fator mais importante: ele passa. Ele está na memória. Ele tem faces fictícias. O hoje é um fato que se torna passado ao mesmo tempo em que ocorre. Talvez nem o hoje exista... e nós que sabemos olhar para o futuro, sabemos ler o passado, damos conta dessa incumbência? Afinal de contas, todo dia é hoje. Essa estranha constatação não é totalmente minha. Com tantas coisas que existem no passado eu juntei algumas e as organizei em uma ideia. Imagine quantas ideias não seriam possíveis a partir de um fato, de uma ex-realidade.

Aliás, já que estamos aqui, porque não falamos também de realidade e ex-realidade. Ler o presente é ler uma realidade incontestável. Passado e futuro são abstratos. O hoje vive em algo de palpável em nossa experiência de vida. Por isso as lembranças, de maneira geral, possuem artifícios que os liga de maneira incomparável. O futuro, por exemplo, nunca gozará dessa absoluta certeza de existência, de já enunciado. O passado justifica-se por argumentos fortes essa intrínseca relação. Tanto que a leitura do futuro e a leitura do passado necessitam de maneiras específicas de leitura. O passado por exemplo pode ser lido a partir do contexto atual, pode ser projetado, pode ser recordado, pode ser registrado, pode ser infinitas possibilidades. O futuro aciona uma leitura por meio de projeção, de dedução, de estudos, ... . A realidade funciona como um gerador de lembranças que vai se desfazendo aos poucos da sua consciência. Nada que uma sessão de hipnose não recupere em uma lembrança intacta. O futuro não se liga com tanta precisão ao presente. Talvez isso seja criação nossa. Pense pelas certezas de que amanhã você vai trabalhar, amanhã terá de ir ao mercado, encontrar-se com alguém, estudar (e eu aqui. :S), e outros. Sempre pode haver um imprevisto. No passado ele não existe. A palpabilidade do hoje não permite brechas para imprevistos.

Mas como bem lembrado há pouco, eu preciso estudar. Não vou desperdiçar essa minha teoria. Aliás, sei exatamente o que fazer com ela.

Publique-se.

Ip^ Amarelo


Um comentário:

  1. Acabo de ler a seguinte frase: "O presente da língua e sua história não se entendem entre si, são ambos incapazes de se entenderem" (BAkhtin/Volochinov, 1990, p. 81). Vai ver essa nossa habilidade de ler passado e futuro se reflete na linguagem dessa maneira, o que coloca tudo o que eu expus apenas uma possibilidade de organização da lógica. Que horror. Está cientificamente explicado também o porquê de isso ser uma teoria cretina.

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