terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ossos do ofício

Ao escrever um texto, as ideias vão se configurando e se relacinando umas às outras. Em geral, trata-se de um raciocínio muito importante em nosso dia-a-dia. E o simples fato de você ler bastante e também escrever bastante, pois a escrita é um trabalho, processo, e não dom. E depois do que aconteceu nesta manhã, nada melhor que um texto para ajudar a digerir a história toda. Pois bem. Foi assim:

“Quando eu fui à academia buscar um boleto para pagar a mensalidade, eis que a bolsista respondeu: - A partir desse mês, você começa a pagar dez reais a menos! Surpreso com a proeza, então, pensei: esse desconto seria dado quando eu fizesse 6 meses. – Já deram os seis meses iniciais? Ela respondeu com um sorriso largo e vitorioso – Siiiiim!! Eu, ainda confuso, ou cego confesso, voltei a indagar: - Mas já?! Seis meses mesmo? E minha resposta foi seca. Sua cara enrijecera num movimento mais rápido que meus olhos nem puderam flagrar. Eu estava despreparado. E ela prontamente disse sim, prolongando o som nasal. Aquelas narinas vibravam ao ressonar aquele fonema, como se quisesse marcar uma distintividade entre seu sorriso largo e sua irritação com minha insistência.Está bem, eu já havia entendido.”

Saí com o boleto na mão ainda com o olhar perdido. Foquei na lógica. Pesei. O dia anterior eu tinha reparado que tudo ainda não estava perdido, pois eu estava com o mesmo peso que há dois meses depois que comecei a fazer academia. Isso significa que eu perdi quatro meses de investimento tanto financeiro quanto em mim. Já deveria estar muito mais forte. E ainda nada. O sim decisivo daquela estagiária nocauteara. E agora, sempre que eu olhar para aquela balança, vou pensar nessa tomada de consciência, que a escrita me proporcionou. Isso é que dá escrever sobre o escrever.v Ou ainda, ossos do ofício.

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