Quem sabe dizer do que se faz o coração? De fibras
musculares que fazem pulsar o sangue por todo o corpo? Não é do coração físico,
mas do sentimento. Onde esses dois se encontram? Esses dois corações que batem
em meu peito? Por que os dois devem bater no peito? Quem decidiu que o coração
emoção moraria no peito foi o próprio coração razão. Seria esse um sinal que a
razão está sobre a emoção e não o contrário? Sim a resposta é essa. E eu odeio conhecer
a razão, dominar a razão, e a emoção ao deusdará. Que deus, o quê. E o que ele
dará? Ele tem me dado desgosto só. Tem orientado seu povo na terra contra o
amor. Tem orientado o povo na terra a favor dos formatos quadrados, retilíneos,
straghts. Eu odeio esse deus. Esse cara que existe na cabeça das pessoas e que
diz que ama todos mas que vai me mandar para o Inferno. Eu já estou no inferno,
cara. Eu já conheço o calor que faz por aqui. Logo o calor, mais confortável
que o frio. Um deus de amor que vive de obstáculos. Um deus platônico, cujo
amor é inatingível. Eu me sinto um romântico olhando para esse deus. Por isso
escolho meus próprios ídolos. Não adoro ovelhas de ouro, deus sim. Não em
formato de ovelhas. Em formato de ouro. Não é de hoje, é de séculos. Eu não
acredito no cristianismo. Eu não acredito no formato que ele deu às emoções do
ser humano. Eu não acredito no pecado, porque eu não sei dizer o que é certo e
o que é errado. Eu mentiria se dissesse que a bondade é o caminho, porque o que
eu sei da bondade foi esse mesmo deus quem me ensinou. Eu não confio nele. Essa
é a minha profissão de fé. Eu desconfio dele. Eu odeio ter que negar a letra
maiúscula cada vez que escreve o substantivo que se refere a ele. Ele. É onde
sua letra maísculua cabe. No incício de frase. Eu faria um d bem grande, em
formato de minúsculo bem na fuça da frase para mostrar meu descontamento. deus,
me deixe em paz, a dita que você tanto quer pregar entre nós. Eu não acredito
nos seus propósitos. Você é uma invenção humana, assim como eu, como o amor que
late no meu peito. Como o coração que pulsa fora e dentro da minha razão. Eu
amo o amor, mesmo sem saber direito quem ELE é. E se não o sei, a culpa é somente
Sua, ó deus dos desmisericordiosos. deus dos seres não odiosos. Eu sou odioso,
eu sou detestável. Eu sou meu próprio deus, à imagem e semelhança do que eu
penso ser sacro para mim. Eu não me conheço, meus sentimentos vivem num poço
sem fim. Esses meus sentimentos que muitos anos deus atormentou dizendo que eu
não deveria. Ainda existe a ultima hora para o arrependimento. Ainda existe? Eu
já não sei se eu quero me arrepender. Eu quero mesmo é mergulhar nessa lama,
pois a terra e a água é igual a vida. A vida que esse mesmo deus me nega viver.
Meus corações não batem em compasso. Eu não sei a distância do peito até a
cabeça. Eu não sei o que o peito e a cabeça fazem juntos. Deus, me liberte de
ti, eu te emploro. Deixa-me ser livre. Não me conte das dez regrinhas que você
criou. Deixe que eu crie as minhas. Deixe que eu viva por mim e não por você.
Deixa eu fazer meu bezerro de ouro, feito de escárnio e mal dizer. Deixa-me ser
livre de verdade. Deixa-me o poder do livre arbítrio. Pare com essa farsa de
Inês Pereira. Eis a hora derradeira. Se você me ama de verdade, deixa-me viver
na sociedade que eu (não) escolhi. Eu (não) sou mais eu. Deixa-me daqui pra
frente ser o meu próprio (Des)deus.
Perdão Senhor! Ele não sabe o que diz! Rs...
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