quarta-feira, 9 de março de 2011

Entre as moscas

Respirei ofegante para me fazer presente na sala. Para ser notado. Mas nem as moscas se deram ao trabalho de demonstrar suas indiferenças a mim, posto que demonstrado já estava, uma vez que nem uma delas voara para longe. Não. Era ainda mais grave que isso. Uma delas voou retilineamente em direção ao meu olho. E para os que se espantaram ou se colocaram no meu lugar, a mosca não bateu contra meu glóbulo simplesmente. Ela pousou. Como se não esperasse nem que eu piscasse ao sabor do reflexo. Qual nada estivesse abaixo de seus pés, não merecia uma goa de atenção, pois como nós os homens nos ensinamos, numa tentativa alucinada de ainda nos convencermos disso, o que vem de baixo não podia atingi-la.  então, com todo o ódio desferi uma palpebrada que só a atrapalhou a ganhar o ´ceu gozando de sua linda liberdade. Que mosca audaciosa. E no razante seguinte, a mosca gloriosa encontrou seu fim entre os dentes bestificados de minha boca.

Esperei tudo esclarecer-se na minha frente. Uma nuvem tomou conta do lugar e no meio da névoa uma outra coisa aconteceu que me fez voltar para cá. E no entanto, o dia nem nasceu. Terei de refazer meus passos até o quarto das moscas. Premonição? Eu não sei. Senti que dei uma volta no tempo. Como o tempo é uma criaçãodo homem, rompê-lo não seria um obstáculo a um desavidado como eu. MAs lá estava eu , de novo. E quando entrei repentinamente, nem as moscas se mexeram. Olhei a desgraçada de longe. Ela me mirava enquanto esfregava tensiosamente suas patinhas. Ela alçou vôo e veio para minha direção. Não contive o meio sorriso do canto dos lábios e pensei que não a comeria de raiva outra vez. No mesmo tempo em que pensou pousar em mim minha mão desenhou-se num borrão no ar tal a velocidade que ela atingira.

Acordei com um enorme tapa na cara. Não há ninguem por perto. Quando terei certeza de qual é a realidade real? Perdido entre os devaneios, entre as moscas, eu não me movia. Eu, por mais que gritasse, não estava reagindo.... Era do plano que precisava. Da ação...


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