terça-feira, 2 de novembro de 2010

O sonho

Fruto da minha mente – que sempre mostrou-se a meu favor, agora também começava a dar de dedo na minha consciência, o pesadelo que tive essa noite foi particularmente simples. Em geral, meus sonhos, que me levam a lugares inusitados de formas inusitadas, são carregados de um pouco dessa loucura que tento conter enquanto os olhos são alerta. Meu sono parece ser a deixa mor por excelência para que minhas estranhezas escorram por dentro dos olhos, já com o caminho ininterrupto oferecido pela pálpebra fechada. É uma abóbada negra que fico olhando até começar, como se fosse um filme, no cinema. A diferença é que no filme dessa noite, eu não quis pipoquinha para acompanhar.

Era minha defesa. Estavam lá o meu Orientador, duas pessoas que compunham a banca e na plateia a Secretária do programa, linda e sorridente, além de outras pessoas, cujas as faces não me foram reveladas. Depois que eu terminei de expor meus 30 minutos de direito, tudo se modificou como num passe de mágica. Imediatamente depois, estávamos todos nós compondo a típica cena de um julgamento. Alguém que ocupava a poltrona do juiz tinha outra pessoa do lado: os sem-rosto. O Orientador era um poderoso advogado, com o dom das palavras difíceis. Eu em pé, em frente ao juiz, como quem espera a sentença de morte – ou de vida. Eu não sabia, inclusive eu!, se eu era o culpado ou não. Agora me recordando bem, nunca entrou no mérito da questão exatamente o que de errado eu fizera para ser julgado. Mas nem precisava. Era a dissertação a vítima, eu acho. A Secretária estava lá, naquele quadradinho que as testemunhas sentam ao lado do juiz. Ela estava séria. E o Advogado-orientador não calava nunca. Minha angústia crescia... muito.

Acordei, finalmente, como se escapasse da morte abrindo os olhos antes de terminar uma queda onírica, antes de saber se eu seria condenado ou não. Viva a consciência que faz isso com a gente no momento de descanso. Eu queria mesmo era um botão de desligar, mesmo que isso custasse não sonhar nem com as belas paisagens de lugares que eu mesmo inventei. Mas não tem. Não há o que fazer.

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