Nos últimos tempos, tenho visto
noticiado que a fortuna de Eike Batista reduziu consideravelmente de tamanho. No
entanto, o cara continua bilionário. Uma pessoa que já teve 27 bilhões de
dólares e agora possui apenas poucos bilhões não é um pobre. Bem, eu não
conheço a história do empresário, nem sei quais são suas empresas. Leio sempre
em manchetes que seu patrimônio está cada vez mais diminuindo e li agora que
suas empresas devem 23 bilhões. E então dizem “Eike empobreceu”. Não existem
pobres de 5 bilhões de dólares. Não sobraram ‘apenas’ 5 bilhões.
De qualquer forma, não estou
nestas linhas para falar do afortunado sob infortúnios. Quero apenas registrar
a reação que tenho visto das pessoas. Vejo muita gente feliz com o ‘empobrecimento’
de Eike como se fosse um trunfo, quase que uma vingança particular. Ora,
estamos no sistema capitalista. Uns em cima e outros embaixo. Não tenho
conhecimento de ninguém que ocupará ao seu trono que esteja ao meu redor, ou ao
redor das pessoas que estão ao meu redor, ou ao redor das pessoas que estão ao
redor das pessoas que estão ao meu redor, ou ao redor das pessoas que estão ao redor
das pessoas... chega, né?
Mas porque celebrar a “pobreza”
de Eike? Fazer humor com os fatos da vida é um traço do ser humano e, digamos,
uma característica inerente ao brasileiro. É comum vermos tudo, eu disse TUDO
virar piadinhas. Mas no fundo, eu vejo que essas piadinhas com o empobrecimento
de Eike está cheio de um algo que eu não consigo imaginar o que é. Pessoas brincam
na internet com situações típicas das classes menos favorecidas. Coisas que
seriam normais, ou ainda que são vergonhosas, são colocadas na rotina do
empresário para os internautas se divirtam. É engraçado? Ok, algumas podem ser.
Mas porque tanta gente celebra isso? Quem, de fato, está ganhando com isso?
Bem, na história com esse Eike aí, eu sei que tem um bom tanto de coisas que
podem estar erradas com a política nacional. De qualquer forma, nem todos por
aí politizados. Eu, por exemplo, sou muito pouco. Mas estou aí, lendo a
tragédia alheia, e lendo o gozo alheio com a tragédia alheia.
Mas por que será que as pessoas
se importam tanto? Vou ter que pesquisar muito para entender como o império
eikiano chega até mim, como ele me influencia direta e indiretamente. Mas não
acredito que eu chegaria ao ponto de me divertir construindo frases que colocam
o Eike em situações de pobre. Fiquei pensando se é inveja. Sério mesmo. Será
que não é inveja? Daquelas bem breguinhas de vilão de novela mexicana, do tipo “se
eu não tenho, fico feliz que você não tenha”. Eu, que não tenho patrimônio
algum, penso que se eu perder a mesma porcentagem que ele, eu sim estou
lascado. Não ele. Eu e as pessoas ao meu redor, e as ao redor das que estão ao
meu redor.
Bem, termino esse post com essas
duas dúvidas centrais: o que significa de fato a pobreza de Eike Batista na
minha vida, e por que as pessoas escarnam tanto essa situação? Será que só
porque eu não entendo posso chamar aqueles que entendem de invejosos, ou a
reação não é cabível mesmo? Não sei de nada. Sei da minha vida e dos meus
problemas. E é neles que eu foco minha energia e minhas piadas.
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