quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Day 1, Step 1

Mas que maneira mais chata de reativar o blog. Comecei a escrever por conta do processo de mestrado pelo qual passei nesses últimos dois anos e meio. Um período em que cresci muito mas também adoeci um pouco por conta da ansiedade. O objetivo sempre foi nunca deixar de postar. Mas tudo bem, eu vou continuar postando agora, mais frenquentemente, espero. Bom , a novidade é que agora estou com o diagnóstico de transtorno do pânico [de novo]. É certo que eu tive na primeira vez aos 14 ou 15 anos, e consegui tomar conta de mim sozinho. Desta vez, tive que cair nas garras da medicação de tarja preta. Será temporário, porque meu caso não está tão grave assim, mas mesmo assim é algo que me mexe com minhas neuras. DAY 1: 5 gotas de rivotril antes de dormir. Antes de tomar, senti aquela sensação de medo, de entrar num brinquedo de parque que vai fazer minha cabeça rodar. Não gosto de brinquedos de parque. Gosto do parque em si, do clima e das pessoas felizes, mas eu mesmo andar nos brinquedos não gosto. Talvez eu veja a vida meio assim também. Adoro estar vivo e viver essa vida maluca que hora nos põe para cima e hora para baixo. Mas essa brincadeira de rivotril me deu uma sensação mais plástica de paz. Uma paz forjada. Espero que isso me ajude mesmo a relaxar, porque eu não consigui sentir as coisas com a minha lógica. Minhas sensações ficaram meio que adormecidas. Uma paz artificial. Dormi a noite toda como uma pedra. Como foi complicado para mim a noite de domingo para terça. Aliás, todo o domingo foi meio tenso. 3 hospitais num dia para mim é mais do que o suficiente para me jogar na cara que eu não estava bem. Não agora, agora estou neutro, amortecido. Perdido entre o sono e a vigília. Acho que na verdade mais a vigília do que o sono, mas o meu pensamento não se agrega aos fatos da vida. No HU, o segundo hospital que eu fui, ajudou muito a intensificar meus sintomas. Depois de ter sido largado num corredor cheio de gente internada nas cadeiras pelo corredor de atendimento médico, por falta de leitos, fui algumas vezes tratado bem rispidamente pelas enfermeiras que estavam no plantão noturno. Eram umas 2h e pouco da manhã quando me dei conta que esperava num corredor escuro, cheio de gente gemendo de dor, por um médico cuja a fila não existia sem, no entanto, anular a minha ‘necessidade de espera’. 30 minutos depois dessa angustia, tentei pular a janela, tentei arrombar a porta de saída. Disse a uma delas: vocês deveriam ter umas aulas de psicologia. Deveriam ir pelo menos para a igreja para relembrar que as pessoas que vocês cuidam são seres humanos, apavorados, com medo por estarem doentes. “Eu não posso fazer nada”, ela dizia neutra. “Minha pressão ta subindo, vai me dar um negocio” Mede para mim só pra eu ver que é coisa da minha cabeça e me acalmar [eu sabia que poderia ser uma sensação apenas, mesmo tendo pico de pressão há um mês quando da defesa]. Exodus: o segundo remédio do tratamento, a primeira dose do segundo remédio. Eu me sinto eu mesmo, mas um pouco mais desapegado com as coisas do cotidiano. Antes de começar o tratamento ontem, senti medo, pensei em tantas coisas sobre a minha vida e sobre o que passar para um tratamento medicamentoso significava para mim nessa vida de poucos anos que vivi até agora.O segundo remédio acho que deve servir para me devolver o eixo. Só sinto um pouco de tisteza por precisar dele. A sensação da ansiedade, essa parece que recuou um pouco. Agora, minhas sensações de adrenalina voltaram para os pés. É lá que eu sinto primeiro a ansiedade. É como se eu estive descendo na montanha russa e a adrenalina vem subindo pelas pernas. Sinto nos pés de novo. Considero um bom sinal. Mas não me sinto eu mesmo. Talvez o lance seja eu tirar férias de mim mesmo. Por isso tenho que ficar afastado do trabalho. Para ver se eu consigo sobreviver longe de mim, não sendo eu mesmo. Mais pra frente o médico vai me permitir ser eu mesmo, eu espero. Mas quem sou eu, ou quem eu penso que sou? Tenho medo de que esse seja um novo eu. Enquanto descanso de mim mesmo, farei coisas que nunca faço: exames médicos de diversas naturezas. Ainda tenho que verificar alguns sintomas de gastrite, labirintite, diabetes, se meu intestino é normal ou se essa preguiça dele ainda poderá me prejudicar. Ai, vida. Que saudade quando tudo era simples e eu mesmo tinha força de enfrentar meus medos.

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